"O Touro Ferdinando" e a fofura em estado bruto – Ambrosia

"O Touro Ferdinando" e a fofura em estado bruto

"O Touro Ferdinando" e a fofura em estado bruto – Ambrosia

A Blue Sky surgiu como uma alternativa e concorrente direta da então já toda poderosa Pixar na área das animações 3D. O estúdio até atingiu seu objetivo de cativar o público com “A Era do Gelo”, longa coproduzido pelo brasileiro Carlos Saldanha. Embora sem o brilhantismo da concorrente, a Blue Sky foi se consolidando no segmento. O estúdio apresenta agora sua nova criação, “O Touro Ferdinando” (Ferdinand, EUA/2017), que traz Saldanha no cargo de diretor.
Baseado no livro infantil Ferdinando, o Touro de Munro Leaf (cuja primeira adaptação foi um curta de animação da Disney, vencedor do Oscar em 1939), o filme conta a improvável história da luta de um touro sensível contra sua sorte. Ferdinando nasceu em um rancho onde os animais são criados para servirem em touradas. Ao contrário de seus amigos, ele não demonstra nenhuma vocação para briga. Ainda bezerro, ele foge do lugar e encontra acolhimento em uma família que o adota como animal de estimação. Porém, quando se torna um imenso touro adulto, mas com a mesma alma doce, ele precisa driblar seu destino quando é descoberto por funcionários do rancho em meio a uma confusão na cidade.
Depois da franquia “Rio”, em que Saldanha explorou a cultura de seu país, diretor mirou na Espanha e usou sua manifestação cultural mais conhecida (e questionada) como mote. A animação segue a cartilha estabelecida pelos longas da Disney com todos os elementos narrativos indissociáveis. Aqui temos o herói improvável e fofo (fofura em estado bruto literalmente), a força da amizade, a prova a ser superada, os indeléveis alívios cômicos como a cabra Lupe. E, claro, a velha mensagem de não julgar o livro pela sua capa.
O argumento de “O Touro Ferdinando” é interessante, mas o desenvolvimento peca em destacar algumas situações e personagens que não contribuem para o andamento da trama. Um exemplo são os cavalos germânicos e a desnecessária sequência de duelo de dança entre eles e os touros do outro lado da cerca. Quinze minutos de filme poderiam ser enxugados sem o menor prejuízo narrativo.
A participação de atores famosos entre os dubladores já virou tradição por aqui. Então temos Thalita Carauta como Lupe, Maisa Silva fazendo a voz de Nina, a “dona” de Ferdinando, e Otaviano Costa como dublador do cavalo Flula Borg. Todos teriam muito mais graça se tivessem a função tivesse sido dada a bons dubladores profissionais, que são muitos no Brasil.
“O Touro Ferdinando” atua na zona de conforto e proporciona entretenimento sob medida para as férias escolares da garotada. Não é memorável, parece ser uma produção para cumprir o calendário do estúdio. Mas o carisma de Ferdinando certamente garantirá gordas bilheterias para o longa no Brasil, onde as animações da Blue Sky têm um amplo público cativo.
Filme: O Touro Ferdinando (Ferdinand)
Direção: Carlos Saldanha
Elenco: Otaviano Costa, Maisa Silva, Thalita Carauta (vozes na versão brasileira)
Gênero: Animação
País: EUA
Ano de produção: 2017
Distribuidora: Fox
Duração: 1h 49 min
Classificação: Livre

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