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Nosso Luto, peça de Kiury, trata da morte com poesia em São Paulo

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A morte para muitos não significa nada. Se não me atingir, não é nada (…) Não é comigo. Agora, quando a morte arrasta uma pessoa que você amava, o papo é outro. A morte bate. A morte chega. Chega sem avisar. (Julieta, em Nosso Luto!)
Nosso Luto é um espetáculo simbólico sobre uma das fases mais difíceis da vida. Com uma linguagem poética, o texto do jovem dramaturgo, diretor e ator, Kiury, fala sobre o sentimento de dor pelo falecimento de alguém e a dificuldade de encarar o vazio trazido pela morte.
Como aceitar a nova realidade? Como recuperar a força de viver quando a vontade é partir junto com um ente ou um amigo querido?
Os personagens são facilmente identificáveis com figuras do nosso cotidiano, mas são carregados de simbologias. O público é convidado a montar a trama, como se fosse um quebra-cabeça, já que a trajetória dos personagens não é mostrada de modo totalmente explícito; eles carregam um certo mistério.
O espetáculo traz muita espiritualidade, mas sem nenhuma relação com qualquer tipo de religião.
Segundo Kiury, Nosso Luto fala do luto e da morte, que muitos têm medo de encarar. ¨Acredito que a morte não é o fim de tudo. Ela dá início a um novo começo. O espetáculo esbarra na espiritualidade, mas é para qualquer pessoa, independente de crença ou não crença¨, conta o autor.
O que interessa é mostrar a história de pessoas que estão em busca da sua essência e de superar as suas dores, num mundo em que, apesar das adversidades, ainda impera o calor humano.
Em cena, quatro personagens: Julieta, Sebastião, Heloísa e Péricles. Julieta é uma mulher comum que vê a sua vida estagnada após a morte de uma pessoa que não se sabe direito quem é. E isso não importa muito! O que tem que ser levado em conta é a sua luta para continuar o seu caminho na busca da realização dos seus sonhos, já que ela não tem muitas perspectivas de futuro: está sem emprego e sem nenhuma razão para viver.
Julieta (Suka Rodriguez) perdeu o chão, mas conta com a ajuda de três amigos, que formam o seu tripé. Sebastião (Sergio Seixas) é o porteiro de seu prédio e uma espécie de guru na sua vida – com ele, Julieta estabelece uma relação de enorme carinho. A sua amiga, Heloísa (Carola Valente), é solar, alegre, e Péricles (Wood Moura), introspectivo, um bom ouvinte, lunar e que tem a paciência de ouvir as suas lamúrias.
Nosso Luto marca, especialmente, o encontro entre dois amigos que têm em comum a paixão pelo teatro. Eles mantêm contato há cinco anos e só agora formam parceria em um projeto teatral. Rodrigo Ferraz assina a direção e Kiury é seu assistente de direção.
Kiury destaca que a sua peça não é autobiográfica, mas que a trama foi escrita a partir de algumas experiências pessoais e que homenageou pessoas que tiveram importância na sua vida na escolha dos nomes dos personagens.
¨Quando perdemos alguém ou algo importante na nossa vida, ficamos com a sensação do vazio. Não podemos negar! Em 2016, a humanidade “perdeu” grandes personalidades. Foi um ano de término¨, fala. ¨Eu me despedi de muitos colegas de profissão e de uma grande amiga. Senti a necessidade de colocar no papel¨, complementa.
O seu objetivo como dramaturgo é valorizar a poesia dos diálogos e assim tocar o espectador. ¨Sempre fui espiritualista. E acredito na imortalidade do espírito. Falar de morte para mim nunca foi tão difícil. Quero com a simplicidade do texto, tocar o coração das pessoas¨.
A concepção cênica de Ferraz é realista, está focada na interpretação dos atores e pretende reforçar o teor poético do texto.
O diretor conta que tinha visto Um Dia Você Vai Entender, peça muito bem sucedida do amigo Kiury, e gostado muito. Quando terminou a leitura de Nosso Luto, já estava totalmente envolvido com a trama e logo pensou na escalação do elenco e equipe. ¨Nosso Luto é uma ode à vida, declara¨.
O cenário traz uma estrutura simples, com algumas caixas espalhadas pelo palco. A luz acompanha a estrutura do cenário, com um desenho de luz que privilegia a cor branca e figurinos de cor neutra. Apenas a protagonista realiza uma troca de roupa durante a apresentação.
A trilha sonora é formada por composições criadas especialmente para a montagem, criadas pelo músico Mion.
Após todas as sessões, haverá bate-papo com um(a) psicólogo(a) convidado(a).

Ficha Técnica

Texto: Kiury
Direção: Rodrigo Ferraz
Elenco: Suka Rodriguez, Sergio Seixas, Carola Valente e Wood Moura.
Assistência de Direção: Kiury
Trilha Sonora: Mion
Iluminação: Roberto Bueno
Operação de luz e som: Roberto Bueno e Anderson Bonach.
Figurinos/Adereços: Coletivo
Assessoria de Imprensa: Nanda Rovere
Produção: Kiury e Rodrigo Ferraz.
Fotos de Sergio Sampaio

Serviço

Local: Cia Pessoal do Faroeste – Rua do Triunfo, 305 – São Paulo/SP.
Datas e Horários: De 7 a 16 de dezembro – Sextas Feiras, às 20h30, Sábados às 20h30 e Domingos às 19h.
Ingressos: R$10 (nome na lista e meia entrada) e R$20.
Gênero: Drama.
Duração: 1h.
Faixa Etária: 14 anos.

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