A nova série animada da Netflix, Devil May Cry, chega com a missão de redimir as adaptações de games após anos de fracassos. Produzida pelo mesmo estúdio de Castlevania e com Adi Shankar no comando, a série promete ação frenética, referências aos anos 2000 e uma boa dose de fan service. Mas será que consegue capturar a essência da franquia da Capcom?
Um Love Letter aos Anos 2000
Desde o primeiro episódio, a série mergulha o espectador em uma onda de nostalgia. O abertura, com uma versão censurada de Rollin’ do Limp Bizkit, e a trilha sonora repleta de Rage Against the Machine, Papa Roach e Evanescence são escolhas perfeitas para evocar o clima edgy dos anos 2000. As referências a clássicos da Capcom, como Resident Evil e Captain Commando, e até um easter egg de Masters of the Universe, mostram que os criadores sabem quem é seu público.
Ação Sangrenta, Mas com um Visual Polêmico

A trama se passa em torno dos eventos de Devil May Cry 3, jogo favorito dos fãs, e expande o lore com elementos novos, como física quântica aplicada ao submundo demoníaco (uma adição controversa, mas interessante). A ação é tão exagerada quanto nos games, com cenas de luta coreografadas de forma espetacular e bosses icônicos. No entanto, o visual do Studio Mir, mais colorido e menos sombrio que os jogos originais, pode desagradar puristas. A estética anime brilha em sequências experimentais (como no episódio 6), mas perde um pouco da atmosfera gótica que marcou a franquia.
Dublagem e Homenagens Emocionantes
Johnny Yong Bosch (voz de Nero nos games) assume agora Dante, substituindo Reuben Langdon após anos no papel. A mudança gera estranhamento, mas Bosch entrega um desempenho sólido. A série também presta homenagem a Kevin Conroy (o lendário Batman), que dubla um personagem antes de seu falecimento – um momento tocante para fãs.
O Tono: Mais Comédia, Menos Tragédia
O maior ponto de discórdia é o tom da série. Enquanto os jogos equilibravam humor e drama com maestria, a adaptação peca pelo excesso de sarcasmo, perdendo parte da profundidade emocional da saga. Humanizar demônios e inserir críticas sociais (como alusões a crises migratórias) pode dividir opiniões, mas pelo menos mantém a narrativa dinâmica.
Devil May Cry não é uma adaptação perfeita – falta um pouco da tragédia e da maturidade dos jogos –, mas acerta onde mais importa: na ação ultraviolenta, no fan service e no respeito à loucura característica da franquia. Se você curte Castlevania e não se importa com mudanças de tom, vai se divertir. Só não espere o mesmo impacto dramático do material original.
NOTA: 7,0