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A Vivacidade das Cores de William Eggleston

William Eggleston é um dos fotógrafos mais conhecidos e respeitados do século XX. Seu trabalho se destaca historicamente por ser considerado um dos primeiros fotógrafos que ingressaram para o mundo da arte através da fotografia colorida.

Seguindo um pouco o caminho de seus antecessores e mentores de inspiração, Walker Evans e Robert Frank, as imagens de Eggleston não se bastam em apenas documentar um período ou local, mas carregam em si a capacidade de comentar o dia a dia e de construir um panorama em torno dos hábitos e padrões de consumo da época, gerando assim, uma visualização da modernização americana, muito forte nas décadas de 60 e 70, período em que construiu um de seus maiores acervos de trabalho, “Los Alamos”.

Como muitos fotógrafos da época, começou sendo influenciado pelo fotojornalismo de Henri Bresson, focado na busca do breve instante, do efêmero registrado pela lente. Mas depois de um tempo exercitando o olhar e utilizando preto e branco, resolveu testar outras técnicas. A cor, muito usada pela publicidade, era tida como vulgar, como se de certa forma corrompesse a nitidez da representação que o preto e branco oferecia. E também, por se tornar ainda mais verossimilhante em relação a realidade que todos nós testemunhamos no dia a dia, mais próxima da maneira em que nós vemos o mundo, estaria se distanciando de seu caráter artístico diferencial e caindo numa comparação com a capacidade representativa entre outros meios.

A técnica que passou a utilizar se chamava dye transfer, aqui traduzida como transferência de corantes. Esta técnica, rara hoje em dia, consistia em sensibilizar uma camada de cor primária de cada vez no momento da revelação. Sendo assim, o resultado são cores fortes e bastante ricas em seus tons centrais mais puros, como o magenta, o ciano e o amarelo. A intensidade de suas cores gera uma interação quase sensorial, hiperrealista com o espectador.

William Eggleston, a cor americana traz pela primeira vez para o Brasil um de seus trabalhos mais conhecidos, reunindo boa parte das imagens que lhe renderam fama e respeito no mundo das artes em 1976, através de uma exposição promovida por John Szarkowski, na época diretor do departamento de fotografia do MoMA, em Nova Iorque.

Algo que podemos perceber olhando os vários livros publicados pelo fotógrafo é que sua produção era profícua, um olhar inquieto que queria registrar pequenas excentricidades do dia a dia, ao mesmo tempo em que se dispunha a imprimir a maneira como a luz pousou em determinado objeto ou até mesmo, e sobretudo no início, a maneira como cores e formas se relacionavam em interiores e exteriores. De certa forma, parece que a fotografia de Eggleston era uma transparência de seu próprio olhar cotidiano, um colocar a si mesmo em evidência, como se estivesse descobrindo a visão ao capturar as imagens nas quais esbarrava.

Havia sim um certo deslumbramento em torno das cores. Muitas imagens que produziu na época mostravam pura e simplesmente o verde de uma planta ou o vermelho de um recipiente de ketchup, imagens estas que talvez hoje não fizessem sentido, ou talvez não tivessem espaço nas galerias. A pós produção digital e o costume massificado de se registrar as banalidades da vida através do celular e seus filtros colorizantes retiraram um pouco a novidade que a produção da época trouxe, mas que de modo algum se torna obsoleta.

Eventualmente, suas fotos foram ganhando outras linhas discursivas, como por exemplo, um caráter cada vez mais cinematográfico, por captarem a essência do ambiente, por serem quase cenografias ausentes ou até mesmo pequenas ficções artificiais, devido a frontalidade com a qual encarava as imagens. Cineastas como Gus Van Sant e David Byrne convidaram-no para participar de seus projetos, fazendo Still para seus filmes, além de ter inspirado outros, como Karim Ainouz e Win Wenders.

  • A exposição vai de 15 de março a 28 de junho.
  • De terça a domingo, das 11h às 20h
  • Entrada franca – Classificação livre
  • Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
  • Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
  • Tel.: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500
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