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Bethi Albano lança disco, clipe e fala com a Revista Ambrosia

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Não é sempre que temos o lançamento de um disco de estreia de uma artista de 66 anos. Esse é o caso de “Embrulha pra Presente”, de Bethi Albano.

A cantora, compositora e instrumentista, que já fez parte de grupos como Rio Maracatu, Batucantá, As Três Marias, Nave Maria e Divino Emaranhado, e, com suas filhas Clarice Albano e Rita Albano, criou o Filhas da Mãe, chega em um álbum deliciosamente variado.

— O álbum tem importância muito grande em minha história musical. Em 2002 lancei com a parceira Luhli um álbum chamado “Todo céu pra voar”. Esse agora é meu primeiro trabalho solo. Deixo minha contribuição pessoal, minhas composições estão registradas, comentadas, admiradas e isso é realmente maravilhoso! — diz Bethi, em entrevista exclusiva à Revista Ambrosia.

Um álbum autoral cheio de climas e humor

Gravado nos estúdios Mirada e Cria Som, e com produção e direção musical de Eduardo Andrade, “Embrulha pra Presente” foi concebido através de um financiamento coletivo e lançado pelo selo Porangareté Discos.

O esforço valeu a pena. Faixas como “Taioba de Enfeite”, “Clark Kent Bruce Wayne” e o single “Rabo de Foguete” são daqueles trabalhos que não podiam ficar sem registro. Bethi é, inclusive, autora de todas as canções (solo ou em parcerias).

— “Taioba de Enfeite” tem mais de 10 anos, mas a letra é bem atual. Ela fala da minha relação com a natureza, meu amor profundo pelo mundo vegetal, onde tiro força e inspiração para lidar com os grandes desafios cotidianos. Já “Rabo de Foguete” e “Clark Kent, Bruce Wayne” tem letras da minha parceira e amiga, Suely Mesquita. Clark Kent, Bruce Wayne tem alma feminina, toca nessa nossa sensibilidade, nesse olhar cuidadoso pro mundo — conta Albano.

São vários momentos de leveza e humor, sem que as canções sejam descartáveis. Passeando pelo blues, baião, rock, MPB, baião, jazz, bossa e samba, “Embrulha pra Presente” permite uma ampla visão do rico espectro da nossa música.

Baião como primeiro single

O primeiro single e clipe do álbum é a canção “Rabo de Foguete”, um baião cheio de balanço e onde o som do acordeon e da viola caipira nos remetem às raízes da nossa música.

— “Rabo de Foguete”, o primeiro single, tem uma letra que sugere um grande mergulho interior, ao mesmo tempo, me leva para muitos lugares diferentes e fantásticos. A Suely Mesquita estava muito inspirada quando fez essa letra — fala Bethi, com uma indisfarçável admiração pelo trabalho da parceira.

O vídeo, que mostra Bethi em diversas locações na cidade mineira de Cordisburgo, terra de João Guimarães Rosa, além de imagens registradas pelos quatro cantos do mundo por Rita Albano, é dirigido por Bela Carpena.

Nove faixas e 28 minutos

“Embrulha pra Presente” é daqueles trabalhos que faz que, quando cheguemos ao fim da audição, nos perguntemos: “já acabou?”. São 28 minutos de belos arranjos e uma voz deliciosa embrulhando canções de ótima qualidade.

Os temas abordados — condição e sensibilidade feminina, sabedoria, afetos, amores e desejos — formam um caleidoscópio que se encaixa perfeitamente com a variedade de ritmos do álbum.

— Estamos vivendo um momento de profunda transição da história humana. É necessário parar, refletir, avaliar, se conscientizar e transformar velhos padrões, velhas formas de viver. Acredito que meu CD chega num momento muito importante. Espero que ele seja um condutor para essa reflexão sobre um novo tempo, como ser e estar agora nesse planeta — confessa a cantora.

Como tem acontecido com vários lançamentos recentes, o maior defeito do álbum é a sua economia no número de faixas e no tempo de duração. Com a qualidade das faixas apresentadas por Bethi Albano, seria um prazer termos mais alguns minutos para apreciar a obra dessa artista singular. Realmente, 28 minutos é muito pouco.

 

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