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Luis Miguel – Os clássicos nunca saem de moda

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Aos 50 anos completados em 19 de abril de 2020, o cantor Luis Miguel é, com justiça, um dos maiores astros da música pop latina, com mais de 75 milhões de discos vendidos. O artista, que iniciou sua carreira com cerca de 12 anos, em 1982, se notabilizou mais fortemente a partir de 1991, quando, aos 21, lançou o cd “Romance”, primeiro de uma série de quatro, com novos arranjos e releituras de grandes clássicos do bolero. A produção foi assinada por ele, em parceria com um dos maiores compositores e intérpretes do gênero, o decano mexicano Armando Manzanero. “Os clássicos nunca saem de moda”, defendeu Luis Miguel na época.

Essa e outras histórias estão em “Luis Miguel – a série”, lançada na Netflix em 2018 e ainda hoje um sucesso, tendo o ator mexicano Diego Boneta no papel-título, interpretando fidedignamente o cantor, começando pela aparência física e se estendendo pelo gestual, trejeitos e trabalho corporal. Nos anos 90, o disco Romance foi uma aposta arriscada do artista, que saia de toda uma vida na qual foi explorado por seu pai, Luisito Rey, um músico espanhol desconhecido, frente ao que seu filho se tornaria.

A vida de Luis Miguel realmente dava um filme. Mais do que isso, acabou dando na já citada série de 13 episódios, autorizada pelo artista, e que terá um segunda temporada prevista para estrear em breve. Tudo isso, a partir do livro “Luis, meu rei, a apaixonante vida de Luis Miguel”, biografia assinada pelo jornalista e escritor espanhol León Herrera.

A vida do artista foi bastante sofrida na infância e na adolescência. Seu pai Luisito, falecido em 1992, encarnado com brilho pelo ator Oscar Jaenada, que dá vida a um tipo canastrão, egoísta e sem escrúpulos, notadamente, uma pessoa cruel, era um típico machista, que, às custas da bem sucedida e precoce carreira de seu filho, ficou rico, tendo gasto todo o dinheiro com mulheres, bebidas e viagens, além de ter desviado fortunas de seu filho.

Vítima de maus tratos e agressões psicológicas e às vezes físicas por parte do marido, a italiana Marcela Basteri (Anna Favella), mãe de Luis Miguel, acaba sucumbindo a seu malfadado destino e foge de seu marido, abandonando seu primogênito à própria sorte e aos domínios do pai. A última aparição pública ao lado de seu filho teria sido na Argentina em 1986 durante um show. A partir daí, seu desaparecimento é envolvo em grande mistério e até hoje não foi confirmada sua morte.

A despeito de tanto sofrimento, Luis Miguel foi e é um vencedor e a série, viciante, desvenda isso. Outra história narrada em um dos episódios é a farsa imposta por seu pai de que ele, Luis Miguel, teria nascido no México, em Vera Cruz, quando na verdade nascera em San Juan, Porto Rico. Tudo foi arquitetado por seu pai para que o artista desde cedo fosse aceito pelo público mexicano e não visto como um imigrante.

Às vésperas do lançamento do seu primeiro disco de boleros, com a coragem que tira de suas entranhas, ele dá uma coletiva de imprensa e revela a verdade, a contragosto de seus empresários. “Mais do que ter nascido aqui, eu me sinto daqui, toda a minha família foi acolhida neste país”, teria dito na época. Mas a decisão, de fato, mostra-se como a melhor. Em seguida, Luis dá entrada os papeis para nacionalizar-se mexicano e seu cd torna-se um grande sucesso, não só no México mas em diversos países. No Brasil, a canção “La Barca”, interpretada por ele, fez parte da trilha sonora da novela Deus nos Acuda, o que impulsionou mais ainda o nome do artista no país.

O artista prestou um grande serviço à música, redescobrindo este gênero da época de nossos pais ou avôs e apresentando às novas gerações. Pode-se dizer também que, com seuOs 7 de Chicago – paralelos entre passado e presente repertório de boleros, Luis Miguel contribuiu muito para as academias de dança de salão no início dos anos 90 (e até hoje) que embalavam suas aulas ao som do “Sol do México”, um de seus apelidos. Pode-se dizer, por fim, que Luis é um artista universal e que, esperamos, ainda dará grandes alegrias a seus milhões de fãs pelo mundo.

Crítica: Excelente (4 de 5 estrelas)
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1 Comentários

  • Fantástica descrição feita pelo Jornalista George Patiño, rica em detalhes, traz à tona, a verdadeira história da carreira de Luís Miguel!

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