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Review de “Star Wars: The Acolyte”: Um novo amanhecer para o universo Star Wars

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Como contar uma história ambientada no universo de Star Wars, com quase 50 anos de idade, de uma forma que pareça nova o suficiente para manter os fãs de longa data satisfeitos e os novos espectadores entretidos? Nos últimos anos, a Lucasfilm experimentou várias respostas a esta pergunta. O Mandaloriano, Ahsoka, Obi-Wan Kenobi e Andor descobriram, com graus variados de sucesso, que a nostalgia tem limite. Por que brincar nesta sandbox se não para reformular o que veio antes e remodelar o que ainda está por vir?

Com The Acolyte, que estreou nesse junho na Disney, a escritora e diretora Leslye Headland (conhecida por “Boneca Russa”) criou uma trama intrigante em uma franquia que emociona justamente pela maneira como revisita temas conhecidos de Star Wars, enquanto tece uma história inteiramente nova, ancorada por uma série de personagens inéditos. Superficialmente, Headland nos transporta para um conto Jedi noir: Mestre Sol (Lee Jung-jae), seu Padawan Jecki Lon (Dafne Keen) e o jovem Cavaleiro Jedi Yord Fandar (Charlie Barnett) são encarregados de resolver um caso que envolve o raro assassinato de um mestre Jedi. No entanto, quanto mais Sol e os Jedi investigam o que e quem está por trás desse assassinato (e a ameaça de mais mortes), eles desvendam uma história que Sol pensava estar enterrada há muito tempo junto com seus irmãos.

Uma imersão no passado

A ordem correta para assistir a saga de Star Wars sempre foi tema de debate entre os fãs. Há quem prefira a ordem de lançamento, quem opte pela ordem cronológica e quem até sugira uma “ordem de flashback”. Porém, com esse lançamento, a questão fica ainda mais complicada. Esta série, ambientada antes de quaisquer outros eventos vistos até agora nos filmes e nas demais séries, reescreve o início da história mais uma vez.

Desde a primeira cena, The Acolyte propõe uma exploração das imagens históricas e cenários clássicos de Star Wars. A trama se inicia em uma taverna, onde um misterioso personagem encapuzado chega em busca de um mestre Jedi que pretende enfrentar. Inicialmente, ele é ridicularizado, pois lutar contra um Jedi é considerado uma tarefa tola, especialmente porque o personagem se recusa a empunhar uma arma. Os Jedi são treinados para evitar combates desnecessários. No entanto, sem usar qualquer arma, a figura encapuzada causa uma comoção suficiente para despertar a impaciência, senão a ira, do Jedi presente, cujas habilidades de combate e reflexos lembram a personagem Trinity, de Matrix.

Star Wars: The Acolyte, la recensione dei primi due episodi: Una Nuova Alba per l'Universo di Star WarsO elenco contribui para a construção do cenário: Carrie-Anne Moss interpreta um tipo de Jedi que ninguém gostaria de enfrentar. A luta que se segue, juntamente com o lampejo de reconhecimento que a Mestra Indara expressa ao perceber a identidade do agressor, é suficiente para prender a atenção do público. Os Jedi não irão sentir a ameaça dos Sith em cem anos, então quem poderia estar tentando acertar contas com eles tantas gerações antes da saga Skywalker entrar em cena?

Essa é a pergunta que move o Mestre Sol, que se vê envolvido em tudo isso ao descobrir que sua ex-Padawan pode estar envolvida. E lembramos com essa premissas de outros destinos interligados como de Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker, ou, de Luke Skywalker e Kylo Ren. A relação conturbada entre mentor e aluno, entre Mestre e Padawan, é tão antiga quanto a saga, e tais histórias geminadas há muito tempo são terreno fértil para a série. E Headland aponta que astragédias cíclicas são inerentes a espaços onde a juventude e a sua obstinação são tratadas com hostilidade.

Uma nova ameaça aos Jedi

A série nos leva cem anos antes dos eventos de A Ameaça Fantasma, para uma época conhecida como Alta República, uma época de paz e prosperidade na galáxia. A série gira em torno de uma ex-Jedi chamado Osha, que é injustamente acusada do assassinato de vários Jedi. O verdadeiro assassino, uma figura enigmática ligada aos Sith, move-se nas sombras com o objetivo de eliminar um grupo específico de Jedi.

Com a introdução de The Acolyte, Star Wars se afasta ainda mais da narrativa centrada na família Skywalker, explorando novas histórias e personagens. A criadora Leslye Headland afirmou que um dos objetivos da série é mostrar os Jedi no auge de seu poder, enfrentando ameaças muito antes da chegada de Anakin Skywalker.

Embora The Acolyte apresente novas situações, permanece estreitamente ligada ao universo de Star Wars. Alguns Sith dos videogames e livros influenciaram a caracterização dos vilões da série. Além disso, a série se inspira em um momento específico de “A Ameaça Fantasma”, onde os membros do Conselho Jedi discutem o suposto retorno dos Sith, sugerindo que já havia algum conhecimento ou história recente com eles.

A Ordem Jedi depende de uma obediência rigorosa, removendo a individualidade pelo bem do todo, por isso sentimentos e laços afetivos são desprezados. The Acolyte revela uma trama intricada sobre os misteriosos assassinatos de Jedi e o que eles têm a ver com um confronto entre diferentes Jedi e uma ordem distinta muitos anos antes.

Flashback: 'Star Wars: The Acolyte' Actress Amandla Stenberg Declares  "White People Crying Actually Was The Goal" While Promoting 'The Hate U  Give'A produção desenvolve a trama em relação ao que esse tipo de obediência (ao destino, à Força, à família) faz com pessoas que se sentem prejudicadas por tais exigências. Isso é o que Amandla Stenberg é chamada a interpretar, oferecendo exemplos do que significa tentar traçar um caminho próprio contra aqueles que desejam traçá-lo para você.

A série é centrada em duas irmãs gêmeas na casa dos vinte anos, Osha e Mae, ambas interpretadas por Stenberg. Elas compartilham uma tragédia na infância que deixou sentimentos muito diferentes sobre os Cavaleiros Jedi, que, no contexto da Alta República, são confortavelmente ascendentes em toda a galáxia, antes de suas tribulações nos filmes de Star Wars.

The Acolyte expande sua mitologia com flashbacks impressionantes, e mesmo jogando com ritmos familiares e caracterizações esperadas, esta nova série de Star Wars tem grandes ambições de preencher a lacuna da franquia em um novo mundo, atraindo um novo público no processo. Afinal, não se contratam atores como Barnett, Manny Jacinto e Jodie Turner-Smith apenas para interpretar personagens já conhecidos.

O que torna The Acolyte tão envolvente é seu compromisso em não tratar os Jedi (ou a franquia de Star Wars em geral) como intocáveis. Sol, Indara e outros se tornam figuras através das quais a série questiona a ordem Jedi, apresentando um mundo eticamente ambíguo onde todos tentam fazer o seu melhor e descobrem, com o tempo, que até os Jedi são falíveis.

Para os fãs mais fervorosos, existem vários romances, quadrinhos e outros materiais que exploram a Alta República, uma era de relativa tranquilidade ameaçada apenas por piratas espaciais e criaturas alienígenas. No entanto, Headland garantiu que não é necessário conhecer profundamente esses materiais para aproveitar The Acolyte.

The Acolyte”: série da franquia Star Wars ganha novo trailer; assista | CNN  BrasilMover uma história de Star Wars para fora do fluxo temporal principal – sem Império, sem R2-D2, um século antes de Luke Skywalker – não a liberou dos clichês mais antigos da franquia. Embora a série altere algumas fórmulas, ainda recorre a elementos característicos como o sibilo da sabre de luz, a mão estendida evocando a Força, droides adoráveis como o Pip e hologramas desfocados. Aguardemos os próximos episódios…

Star Wars: The Acolyte

Star Wars: The Acolyte
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Nota: 8.5/10 Excelente
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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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