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Aldeia Literária: Camila Veloso fala sobre formar uma nova geração de escritores

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A escritora e empreendedora paulista Camila Veloso criou a Aldeia Literária, um curso que convida novos autores a transformarem seus rascunhos em livros completos. A iniciativa é baseada no Cohort Learning Method, uma metodologia de aprendizado colaborativo onde os participantes avançam juntos, em comunidade. O projeto oferece acompanhamento criativo, aulas online e trocas com especialistas, e já beneficiou cerca de 400 alunos desde seu lançamento em 2023.

A Aldeia Literária surgiu do desejo de Camila de compartilhar suas vivências e do anseio por uma comunidade mais unida no mercado editorial. A proposta audaciosa, inspirada em iniciativas disruptivas, visa tornar conhecimento sobre escrita criativa acessível e fomentar a escrita como prática coletiva. Além de encontros online, os participantes têm à disposição grupos no WhatsApp, onde trocam experiências e cumprem desafios semanais, incentivando o engajamento e a interação contínua. A comunidade também promove plantões de dúvidas e um sistema de gamificação que fortalece a experiência de aprendizado.

O que é a Aldeia Literária?

A Aldeia Literária é um curso de extensão universitária baseado no Cohort Learning Method. Nesse modelo, o aprendizado se dá de forma colaborativa, e os alunos avançam juntos, em comunidade, ao longo do curso. De forma geral, nos denominamos como uma comunidade, pois esse é um diferencial dentro do mercado editorial. Então eu brinco que os alunos não fazem a Aldeia Literária, eles se tornam aldeões. 

Quando a Aldeia foi fundada?

A Aldeia Literária nasceu em outubro de 2023, após ser demitida do meu emprego no mundo corporativo. Me vi com tempo livre e com a sensação de que essa era minha oportunidade de construir algo no mercado editorial, já que eu havia me formado em Produção Editorial. Como já era criadora de conteúdo no Instagram e TikTok, fiz vídeos convidando escritores para fazerem o Nanowrimo (um desafio mundial de escrita) comigo.

Honestamente, eu me sentia uma fracassada por saber tanto sobre técnicas de escrita e mercado editorial e ainda não ser a escritora mais famosa do mundo (risos nervosos). Por muito tempo, evitei falar sobre escrita criativa justamente por isso, principalmente durante a pandemia, quando fui para o mundo corporativo. Mas, para minha surpresa, o convite nas redes sociais foi aceito por 140 pessoas. O vídeo de convite alcançou mais de 100 mil escritores, e assim nasceu a Aldeia Literária.

Claro que, entre nós — porque as coisas não acontecem do nada —, usei toda a minha bagagem em comunicação para estruturar a Aldeia. Antes de convidar as pessoas nas redes sociais, criei o projeto gráfico, o storytelling, uma camiseta, a gamificação e o calendário de aulas. Um projeto bem-feito, assim como eu fazia para as empresas. Quando lancei o convite, já tinha a ideia da empresa pronta e o início de um modelo de negócios. Só não sabia que tanta gente realmente aceitaria participar.

O que te motivou a criar a Aldeia?

Já tinha alguns cursos gravados circulando e com uma boa aceitação na internet, mas a ideia de ser infoprodutora para sempre não me agradava muito. Eu queria ter uma empresa. A ideia da Aldeia Literária veio da vontade que sempre tive de ter amigos escritores.

Quando você é artista no fim do mundo (mais conhecido como o interior), as pessoas ao seu redor não têm visão do que é trabalhar com arte, e isso sempre me deixou muito solitária. Eu não queria que meus alunos passassem por isso, que ficassem sozinhos em casa assistindo a um curso gravado e precisassem ter a inteligência emocional de uma pessoa de 90 anos (vivida e madura, é o que quero dizer) para conseguir se motivar diariamente. Eu queria que fôssemos um grupo, um time.

Como funciona o projeto?

Temos aulas mensais ou quinzenais (depende do plano escolhido pelo aluno), ministradas no Google Meet. Ao final de cada aula, os aldeões recebem material de apoio e uma atividade no Google Classroom para desenvolver durante a semana. Para manter os escritores interagindo, temos grupos no WhatsApp, onde os aldeões podem trocar experiências e se ajudar nas metas. Os grupos são essenciais para que a metodologia de Cohort aconteça. 

Também temos plantões de dúvidas, com meia hora para interação e conversa (afinal, somos uma comunidade) e uma hora para tirar dúvidas sobre escrita criativa. Há vários outros detalhes que fazem parte da organização desse projeto, mas, em resumo, é isso.

Quantos alunos já passaram pela Aldeia?

Desde a sua criação, já passaram mais de 400 alunos pela Aldeia Literária. 

Quais são as atividades oferecidas na Aldeia?

Aulas, interações, gamificação, palestras e encontros em eventos.

Qual é o perfil dos alunos?

Adultos de 35 a 40 anos que sempre tiveram o sonho de escrever e publicar, mas não sabiam como; Jovens de 21 a 27 anos que acreditam que essa é a oportunidade de finalmente estudar escrita criativa; Crianças de 12 a 16 anos com o sonho de serem grandes escritores (e pais que acreditam nelas). Temos alunos de todas as regiões do Brasil.

Quando a Aldeia abrirá inscrições novamente?

Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025.

Quais convidados já participaram da Aldeia?

Olha, muita gente legal já passou pela Aldeia Literária. Já recebemos a Karine Leôncio (Kabook TV) uma das maiores criadoras de conteúdo literário da internet, e agentes literárias como a Mari Del Chico, e a Karol Lopes da Com.Tato Literário. Ao todo, já recebemos mais de dez profissionais do mercado editorial em 2024.

Qual a importância da chancela do MEC, recentemente conquistada?

A chancela do MEC é um indicativo da qualidade e consistência do conteúdo pedagógico da Aldeia Literária, conferindo ao curso um novo status e ampliando suas oportunidades no mercado. Além disso, a inclusão de créditos para horas complementares pode agregar valor ao currículo de estudantes universitários e profissionais em busca de aprimoramento na área literária.

Qual a importância de um espaço como a Aldeia para fomentar a literatura no Brasil?

Nossa, dá para escrever um TCC inteiro sobre isso. Por algum motivo, a literatura ainda é uma arte considerada “alta demais”, o santo graal, intocável. Temos os Imortais da Academia Brasileira de Letras, como se escrever e ser artista fosse um superpoder. Além disso, não temos cursos de graduação em escrita criativa em universidades públicas ou em cada esquina, como ocorre nos Estados Unidos. Então, ou você estuda fora do Brasil, ou precisa ser um escritor genial, capaz de absorver técnica e ritmo através da leitura (além de entender o funcionamento do mercado editorial sozinho).

Isso faz com que a produção nacional de qualidade seja pequena, pois há realmente pouca gente com todo esse conhecimento. A Aldeia Literária vem para oferecer conhecimento de forma acessível, possibilitando que escritores de todas as classes e idades tenham a oportunidade de realizar o sonho de escrever e publicar livros de qualidade. Eu diria que somos um Airbnb, Uber, Waze do mercado editorial. Já estava na hora de uma iniciativa disruptiva aparecer dentro de um mercado tão antigo e tradicional.

O resultado: meus alunos me chamam de mãe. É o comentário que mais recebo: “Ai, a Camila é uma mãe”, como se eu oferecesse acolhimento intelectual. E trago muito disso para a Aldeia.

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