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Borboletas Negras

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Ingrid Jonker (Carice van Hauten) foi uma das mais famosas poetisas da África do Sul e seu trabalho era fortemente contra o apartheid em plenos anos 50 e 60, quando a maioria da sociedade do país via os negros como uma raça inferior e sem inteligência. Filha do chefe da censura no país, Ingrid teve uma vida bastante pública, cheia de controvérsias, principalmente pelos romances com os escritores André P. Brink (no filme renomeado Eugene Maritz, interpretado por Nicholas Pauling) e Jack Cope (Liam Cunningham), além do implacável antagonismo de seu pai, Abraham Jonker (Rutger Hauer), que desprezava seu trabalho, seu estilo de vida e suas opiniões políticas. Jonker ficou mais conhecida mundialmente quando Nelson Mandela declamou alguns de seus versos em um de seus primeiros discursos como presidente eleito do país, em 1994.

Borboletas Negras, a produção holandesa sobre a vida de Ingrid Jonker não perde muito tempo explicando seu passado ou as raízes de sua ruptura com o pai, optando por um rápido vislumbre didádito e exemplar de sua infância e partindo direto para seu encontro com o escritor Jack Cope, seu grande amor, inspiração e porto seguro. Com ele Jonker, já com um livro publicado e certa fama, tem contato com outros escritores sulafricanos que tem a mesma visão contra o regime político da época, e que a incentivam a escrever sobre o assunto. Mas o constante confronto com seu pai e sentimentos de rejeição desde a infância transformaram-na numa pessoa desregrada e emocionalmente instável. E é aqui que um filme sóbreo, lindamente fotografado e bastante promissor despenca para uma série de clichés, atuações exageradas e um sentimento de apatia que, infelizmente, toma conta da história, mesmo com as idas e vindas emocionais da personagem principal.

É claro que, com uma vida cheia de episódios conturbados, o filme pode até fazer um retrato muito próximo do que foi sua vida – realmente não temos como saber – mas tudo acaba parecendo implausível e medíocre. No primeiro confronto verbal entre Jonker e Cope se inicia uma série de cenas onde Carice van Hauten atua com histeria insuportável, que se revezam com seus momentos de melancolia retirados de qualquer telenovela. Numa tentativa de contar suas história sem santificá-la, ficamos com a velha impressão de que é melhor não conhecer a vida íntima dos grandes artistas.

Um dos grandes problemas do roteiro é guiar o público para acontecimentos que inspiraram alguns de seus poemas mais famosos, ou simplesmente retratá-la escrevendo-os, o que não deixa de alienar o espectador que nunca leu a sua obra.

Fora algumas cenas de inegável beleza, poucos momentos convincentes de van Hauten e Rutger Hauer, além uma atuação poderosa e firme de Liam Cunningham, Borboletas Negras parece não fazer jus aos retratados ou às obras citadas, optando em se transformar em mais uma das centenas de produções estrangeiras melodramáticas que tentam chamar a atenção dos Oscars. Talvez o único motivo para que filme não seja classificado como um desserviço seja a chance de ter contato com a tocante obra de Ingrid Jonker – mas isso você pode fazer através de livros e do seu computador.

 

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Título Original: Black Butterflies
Duração: 100 min
Ano: 2011
País: Holanda
Direção: Paula van der Oest

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