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Campanella marca um gol de placa com “Um time show de bola”

Que garoto (ou mesmo adulto) nunca vibrou diante de uma mesa de Pebolim (também conhecido como Totó, Fla-Flu, entre outros nomes…) com seus bonecos que disputam incríveis disputas do esporte favorito da maioria dos brasileiros? Pois é, mas o amor por esse tipo de futebol não é privilégio nosso. Em alguns países, como Portugal, até são disputados oficiais de Pebolim. Os argentinos (nossos eternos rivais no futebol) também curtem muito essa modalidade. Por isso, não é de se espantar o cuidado e a paixão mostrados na primeira animação dirigida pelo ótimo Juan José Campanella, “Um time show de bola” (“Metegol”).

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O filme conta a história de Amadeo, um tímido jovem que vive numa pequena cidade, mas que tem uma qualidade incomum: é um excelente jogador de Pebolim. Ele é apaixonado por sua amiga Laura, que quer deixar o povoado para estudar no exterior, mas não sabe dos sentimentos dele. Tudo estava na maior calmaria, até o dia em que os moradores recebem a visita de Colosso, um grande astro internacional do futebol (que lembra um pouco o craque Cristiano Ronaldo). Ele, na verdade, se chama Ezequiel e também nasceu na cidade de Amadeo e nunca superou um trauma de infância: não conseguiu vencê-lo numa partida de Pebolim. Disposto a se vingar, ele tem planos de transformar o local numa espécie de parque temático em sua homenagem, a não ser que Amadeo aceite disputar um jogo de futebol de verdade. Quando tudo parecia perdido, eis que surge uma esperança de onde menos o jovem esperava: os jogadores dos times de sua mesa de Pebolim ganham vida e fazem o possível para que ele consiga montar um time e derrotar o vaidoso vilão.

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Os bonecos, aliás, são a coisa mais divertida de “Um time show de bola”. Cada um deles tem personalidades bem distintas e algumas delas lembram até características de jogadores reais. Capi, o líder da equipe listrada, é inteligente, mas só peca por ser mandão demais às vezes; Beto, o craque, é engraçado e seu principal problema é o seu ego, tão inflado que se acha o último biscoito do pacote, o que gera alguns conflitos com seus companheiros; Liso, o comandante do time, também impõe respeito e só pensa nos 20 anos de rivalidades com o seu rival, embora leve tudo na esportiva. Mas de todos, o que mais se destaca é Loco, com seu visual que lembra o jogador Gullit (da Holanda) e o goleiro Higuita (da Colômbia), muito populares nos anos 80. Ele é o ‘bicho-grilo’ da equipe listrada e sempre solta frases dignas de livros de autoajuda, mas que ninguém consegue compreender muito bem, o que gera muitas risadas.

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A animação (que levou três anos para ficar pronta) contou com cerca de 400 profissionais de 16 nacionalidades diferentes e teve o apoio de grandes empresas de informática, como a Intel e a HP, em sua realização. Mas todo o esforço valeu a pena. É surpreendente como a Argentina, mesmo com seus problemas financeiros, conseguiu realizar um trabalho bastante competente, não ficando atrás de produções americanas, inclusive na utilização do 3-D, que se não é inovador, pelo menos está de acordo com a proposta apresentada na tela. Campanella, apaixonado pelo futebol (tanto que fez uma das sequências mais importantes de seu filme vencedor do Oscar, “O Segredo dos Seus Olhos, durante uma partida num estádio), mostra um carinho pelo seu projeto e pelos seus personagens, dando um olhar mais humano para eles, embora o vilão não fuja dos clichês que se vê em outros filmes. Mas o saldo ainda assim é positivo.

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O roteiro (escrito por Campanella, Gaston Gorali e Eduardo Sacheri) é o ponto fraco do filme, já que pega situações vistas em animações recentes, como a montagem do time que vai enfrentar a equipe de Colosso, formada por tipos desacreditados por todos, da mesma forma que é mostrado em “Universidade Monstros”, assim como o triângulo amoroso formado pelo vilão, Laura e Amadeo. Alguns espectadores podem até reclamar com o fato de que os bonecos agem como os personagens de “Toy Story”. Há, inclusive, uma sequência onde eles correm perigo que lembra muito a cena do aeroporto de “Toy Story 2”. Mas esses são pequenos pecados que não chegam a comprometer a diversão que o filme proporciona.

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Quem resolver encarar “Um time show de bola” pode ter uma hora e meia de uma boa diversão e ver que nossos ‘hermanos’, apesar dos problemas, deram de goleada nos animadores brasileiros. Mas deixemos a nossa eterna rivalidade com nossos vizinhos de lado e vamos curtir essa divertida surpresa futebolística nas telas do cinema, já que o filme pode até criar uma certa nostalgia dos espectadores mais velhos, que vão lembrar, com certeza, de suas grandes partidas jogadas numa mesa de Pebolim.

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