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Crítica: "Oldboy – Dias de Vingança" evidencia os problemas de fazer refilmagens

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Ao contrário de nós, brasileiros, os americanos não foram educados a assistir filmes com legendas no cinema. Por isso, é muito difícil algum filme estrangeiro, por melhor que seja, ser apreciado por um grande público nos Estados Unidos. Assim, volta e meia, surgem projetos de refilmagens que pretendem difundir ótimas histórias adaptadas para uma nova realidade e, ainda por cima, faladas em inglês. O problema é que, na maioria das vezes, o processo acaba deixando pelo caminho a essência do que tornou a obra original realmente instigante. É claro que há algumas exceções, como “Millenium – Os homens que não amavam as mulheres”. Mas a grande maioria deles se torna apenas uma cópia pálida e sem nenhuma importância. A mais recente delas é “Oldboy – Dias de Vingança” (“Oldboy”), remake do cult movie sul-coreano de 2003.

Na trama, escrita por Mark Protosevich, somos apresentados ao publicitário Joe Doucett (Josh Brolin), um homem de hábitos rudes e que não liga muito para as pessoas ao seu redor, nem dá muita atenção para a filha pequena. Na véspera do aniversário de 3 anos da menina, ele é sequestrado e mantido preso dentro de um quarto, onde descobre através de um programa de TV que a ex-mulher foi assassinada e ele é considerado o principal suspeito do crime. Desesperado, Joe tenta fugir de todas as formas, mas não consegue. Até que, 20 anos depois, ele é inexplicavelmente libertado e busca se vingar dos seus captores e pedir perdão à sua filha Mia, agora uma mulher adulta. Durante sua busca, ele conta com a ajuda de Chucky (Michael Imperioli), um velho amigo, e de Marie Sebastian (Elizabeth Olsen), uma profissional de saúde que se aproxima de Joe ao saber de seu caso. Obcecado com a vingança, Joe vai se tornando cada vez mais violento e seu caminho cruza com o de um estranho homem, interpretado por Sharlto Copley, que pode ter ligação com o seu cativeiro de duas décadas.

O principal problema com “Oldboy – Dias de Vingança” está na direção pouco inspirada de Spike Lee, que assumiu a refilmagem após a desistência de Steven Spielberg. Já faz algum tempo que o cineasta de obras marcantes como “Faça a Coisa Certa” e “O Plano Perfeito” não consegue realizar nada de grande relevância e, aqui, ele volta a decepcionar. Além de não conseguir um bom clima de suspense e tensão, necessários para instigar o público com a trama apresentada, Lee falha vergonhosamente nas sequências de luta, especialmente naquela em que o protagonista tem que lutar com várias pessoas ao mesmo tempo, num galpão. É impossível não perceber que os socos, chutes e golpes estão coreografados demais, deixando tudo muito inverossímil, ao contrário do filme de Park Chan-wook. Para piorar, o cineasta acredita que, para superar o que foi feito anteriormente, é necessário ter muito mais sangue jorrando na tela, sem maiores sutilezas. Só que, tirando o impacto gráfico, pouco sobra de relevante no resultado final, provando que nem todo mundo nasceu para ser um Quentin Tarantino.

Quanto ao elenco, há uma irregularidade nas interpretações. Josh Brolin (que substituiu Will Smith, favorito a estrelar o filme) realiza um trabalho até competente para mostrar que seu personagem sofre com os erros do passado e luta para corrigi-los (nem que seja na base da porrada!). O ator, inclusive, se mostrou disposto a se mostrar inicialmente um pouco gordo e fora de forma para, mais tarde, estar mais forte e vigoroso, ressaltando o tempo em que confinado, se preparando para a sua vingança. Já Elizabeth Olsen se resume a ser a mocinha da história, sem muito o que fazer com seu personagem bidimensional. Os maiores desperdícios, no entanto, estão nos “vilões” da trama. Embora tenha se mostrado interessante em filmes como “Distrito 9” e “Elysium”, Sharlto Copley não foi uma boa escolha para viver o misterioso milionário que atravessa o caminho de Joe, já que sua atuação exagerada o torna uma pessoa patética e nem um pouco assustadora e intrigante. E o que dizer da participação de Samuel L. Jackson no papel de Chaney, responsável por monitorar o confinamento do protagonista? Com uma performance preguiçosa, parece que ele não “entrou no clima”, provavelmente por achar que, no fim das contas, tinha entrado mesmo numa grande roubada.

Quem já viu o filme original de 2003, não notará praticamente nenhuma diferença na história desta refilmagem, nem mesmo com a reviravolta no final. Quem nunca assistiu, pode até se manter interessada para saber como a trama vai terminar. Mas no fim, não terá muita coisa para lembrar, por causa do tratamento preguiçoso, que reduziu a produção a um mero passatempo. O que é uma pena e reforça o medo que alguns amantes do cinema tem em relação a remakes. Eles deveriam ser feitos apenas quando há algo a mais para acrescentar ao que já foi apresentado anteriormente. Porém, quando visa apenas a mostrar o que já existia, mas com caras mais conhecidas do grande público, a coisa geralmente não termina bem. O que foi o caso deste novo “Oldboy”. Meus pêsames a todos os envolvidos.

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