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Crítica: "Uma nova chance para amar" só vale a pena por seus protagonistas

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Histórias de pessoas que descobrem por motivos não muito claros que existem sósias perfeitos andando por aí não são exatamente uma novidade. Há desde o clássico de Mark Twain, “O Príncipe e o Mendigo”, até mesmo a novela “O Outro” (1987), de Aguinaldo Silva, onde o protagonista vivido por Francisco Cuoco fica obcecado em encontrar um homem que é praticamente uma cópia perfeita dele mesmo e, quando isso acontece, sofre um acidente e acaba sendo substituído inesperadamente por sua duplicata. Esse tema é bastante delicado de trabalhar e, se não for bem realizado, pode comprometer seriamente o produto final. E, infelizmente, é o que acontece com “Uma nova chance para amar” (“The Face of Love”).

A trama é protagonizada pela decoradora Nikki (Annette Benning), que vive um casamento feliz com Garrett (Ed Harris), até que um dia ele morre afogado durante uma temporada no México. Ela passa a viver em um luto permanente e sofre com as lembranças dos bons momentos que viveu com ele. Porém, cinco anos depois, ela conhece Tom (também Harris), um professor de pintura que é totalmente idêntico ao seu falecido marido. Os dois começam a viver um romance. Mas ela fica num grande conflito por não contar a Tom os motivos que a levaram a se aproximar dele. Além disso, Nikki tenta escondê-lo de todos que conheciam Garrett, como a filha Summer (Jess Weixler) e o vizinho Roger (Robin Williams).

O principal problema de “Uma nova chance para amar” está no roteiro fraco, escrito pelo diretor Arie Posin e Matthew McDuffie, que não encontrou boas soluções para justificar a história insólita que vive a protagonista. Aliás, o texto não favorece a personagem de Benning, que faz o público questionar se ela realmente ama Tom, ou se está apenas procurando reencontrar algo importante perdido no passado, tornando-a um pouco antipática, o que é complicado para a protagonista de um drama romântico. Além disso, o filme tem algumas falhas na edição na continuidade, que são facilmente perceptíveis para quem tem um olho bem treinado para esses detalhes. Pelo menos, Posin se mostra um bom diretor de atores, especialmente nas cenas envolvendo seu casal de astros.

Aliás, o que salva o filme é a química mostrada por Annette Benning e Ed Harris, que convencem com seu gradativo envolvimento. A atriz, mesmo prejudicada pelo roteiro ingrato, consegue dar veracidade nos momentos que sente a dor da perda por seu marido, assim como seus questionamentos sobre o que sente pelo seu sósia. Já o ator usa seu carisma a favor para construir seu Tom de maneira simpática e agradável e nos faz torcer para que o romance com Nikki dê certo. O resto do elenco não tem muito o que fazer, especialmente Robin Williams.  Quem for ver “Uma nova chance para amar” por causa do recém-falecido astro, vai se decepcionar porque ele aparece pouco, num papel desnecessário, que outro ator menos conhecido poderia fazer, que não faria a menor diferença para a produção. Uma pena que ele tenha sido desperdiçado em um de seus últimos trabalhos para o Cinema. Além de Williams, Amy Brenneman também não faz falta à trama, como a ex-mulher de Tom e sua conselheira.

Com um final um pouco óbvio, “Uma nova chance para amar” poderia render mais se direção e roteiro encontrassem maneiras melhores para envolver o espectador, seja pela questão romântica ou até mesmo pelo surrealismo apresentado na trama. Do jeito que ficou, o filme se tornou praticamente esquecível assim que acendem as luzes do cinema em que ele estiver sendo exibido. Annette Benning, Ed Harris e, principalmente, Robin Williams mereciam uma sorte melhor.

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