Festival do Rio: A contundência do discurso de "Em Pedaços" – Ambrosia

Festival do Rio: A contundência do discurso de “Em Pedaços”

Em tempos de nacionalismo extremo ganhando força na Europa (na verdade essa sombra paira permanentemente) o cinema não poderia ficar de fora do debate. As bandeiras xenófobas levantadas legitimam-se com variadas justificativas. Eles roubam nossos empregos! Suas crianças tomam as vagas na escolas! Eles estupram nossas mulheres! Eles são terroristas! E há os mais sinceros que apenas alegam “não gostamos deles e os queremos longe”. A questão dos refugiados acirrou ainda mais os ânimos em relação ao tema dos crimes de ódio praticados por europeus contra imigrantes. O diretor e roteirista Fatih Akin aborda em seu novo filme, “Em Pedaços”, a questão da violência contra estrangeiros.

O debate é proposto através do sofrimento de Katia Sekerci (Diane Kruger), que perde marido e filho em um atentado. Logo descobre-se que os dois foram alvos de nacionalistas e assim se inicia a jornada em busca de justiça. No momento atual, em que a Europa se vê alarmada com o terrorismo de origem islâmica, Aki alerta para o terrorismo doméstico. Nuri (Numan Acar), marido de Katia era de origem turca (etnia abundante na Alemanha). E sua angústia aumenta por saber que por ser estrangeiro e ter um certo envolvimento com tráfico de drogas as autoridades podem menosprezar o caso.

A fotografia gélida compõe a atmosfera e dá a dimensão certa do sofrimento por que Katia atravessa. Os planos vão do minimalismo ao faustoso. A atuação soberba de Diane Kruger cria empatia e cumplicidade no espectador. A atuação rendeu a ela o prêmio de Melhor Atriz no último Festival de Cannes. Nessa produção em sua terra natal ela nos brinda com a performance mais encovada de sua carreira.

O roteiro, assinado por Akin junto com Jérôme Seydoux acerta na construção do clima em um crescendo. “Em Pedaços” é um longa que atinge seu objetivo de fazer pensar sobre um tema delicado e suscita o questionamento: o lado de cá produz uma violência igualmente letal. E o ciclo do ódio se perpetua.

Cotação: Muito Bom

Total
0
Links
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ant
Festival do Rio: “Meu Colégio Inteiro Afundando no Mar” é uma animação lisérgica com boas referencias
Festival do Rio: "Meu Colégio Inteiro Afundando no Mar" é uma animação lisérgica com boas referencias – Ambrosia

Festival do Rio: “Meu Colégio Inteiro Afundando no Mar” é uma animação lisérgica com boas referencias

A animação Meu Colégio Inteiro Afundando no Mar feito pelo animar e quadrinista

Prox
Festival do Rio: “Como é Cruel Viver Assim” ressalta a versatilidade de Julia Rezende
Festival do Rio: "Como é Cruel Viver Assim" ressalta a versatilidade de Julia Rezende – Ambrosia

Festival do Rio: “Como é Cruel Viver Assim” ressalta a versatilidade de Julia Rezende

Uma das surpresas da Premiere Brasil do Festival do Rio 2017 atende pelo

Sugestões para você: