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Festival do Rio: faltam razões à Boca do Lixo

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Existem filmes que são salvos pela atuação de seu protagonista. O filme pode ser cheio de defeitos, mas a figura de um determinado ator ou atriz pode ter o poder de hipnotizar o expectador com sua bem construída mise-en-scène. É o caso do filme Boca do Lixo, de Flávio Frederico, que procura retratar a região paulista marcada pela prostituição e o tráfico de drogas nos anos 50 e 60 sob a ótica do maior e mais famoso traficante da região, Heroito de Moraes Joanides.

Tecnicamente impecável – a premiada fotografia e a difícil montagem são muito bem feitas – Boca do lixo é extremamente equivocado na construção dramática de sua história. Trata-se de um roteiro anêmico e superficial, que prefere ser fatídico onde deveria ser, pelo menos, narrativo. Se propondo uma cinebiografia, o filme não justifica o presente, superficializando o passado e segue pelo futuro de seu biografado, deixando o espectador desprovido de qualquer base de entendimento das motivações daquele homem que entra para o crime “apenas por gostar de estar com as mulheres da prostituição”.

Daniel de Oliveira é a melhor coisa do filme, compondo um Heroito assustadoramente verossímil e entregando-se em cenas antológicas como a em que sofre uma overdose violentíssima dentro de um carro. Cada extremo que o ator externa já faz valer toda a fraqueza conceitual do filme. Hermila Guedes (o sol da aridez de O céu de Suely) também destaca-se no longa, confirmando o seu extremo talento e seu rosto incrivelmente cinematográfico – luxo estético que poucas atrizes possuem, como Bridget Bardot e Eva Green.

O diretor Flávio Frederico cercou-se de um bom aparato para a realização de seu projeto, tanto que ganhou os principais prêmios técnicos do Festival do Rio, mas fica impossível não notar a instabilidade dramatúrgica que Boca do Lixo expõe. Nos poucos momentos em que a aparição de Daniel é banal, o filme infelizmente mostra o que realmente é.

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