Na apresentação de “O Nome da Morte”, mais um dos filmes da seleção Première Brasil do Festival do Rio 2017, o ator Marcos Pigossi, que vive o protagonista Julio Santana, matador de aluguel que confessou ter matado mais de 490 pessoas ao longo da “carreira”, disse que, ao entrar no projeto e dar vida a essa história, teve a exata noção que “o ser humano sem cultura e sem informação, vira bicho!“.
A frase proferida pelo ator antes das luzes apagarem e o filme começar, antevia uma ideia sobre essa impressionante história real, dirigida por Henrique Goldman (“Jean Charles”) desse pistoleiro, em ação por mais de 20 anos, que começou inocente sob a influência de um tio que o leva de casa, no interior, para cometer os crimes na cidade. A trama é adaptada do livro de Klester Cavalcanti e tem um ótimo elenco, como Fabíola Nascimento (nunca menos que ótima), André Mattos e Matheus Nachtergaele.
O roteiro de George Moura (com colaborações, inclusive do próprio diretor) acompanha essa transformação da inocência para a perturbação (Santana mantém-se muito religioso ao longo dos crimes) – algo muito bem composto por Pigossi, demonstrando versatilidade – mas a direção de Goldman, por mais que alterne bons momentos nas cenas complicadas de violência, derrapa por não dar a mesma energia ao humanizar seu protagonista. A partir de determinado ponto, a sina assassina parece torna-se mais importante que o indivíduo. Nesse ponto, Pigossi e Fabíola fazem um trabalho mais assertivo que o diretor. É pela interpretação deles que o filme cresce para além de suas limitações.
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