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Festival do Rio: "The Humbling" coloca Al Pacino em trama inusitada

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The Humbling - Kyra Sedgwick
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O ofício do ator, ao contrário do que muitas celebridades instantâneas pensam, não é algo simples de realizar. É preciso estudar bastante por vários anos, enquanto realiza seus espetáculos (seja no Teatro, no Cinema ou mesmo na TV), e, principalmente, ter muita paixão naquilo que está fazendo. Mas o que fazer quando essa paixão simplesmente acaba? É a partir desta questão que começa o interessante filme “The Humbling” (algo que seria traduzido como “A Humilhação” ou “O Arrebatamento”), protagonizado por um dos maiores atores vivos dos EUA, Al Pacino.

Na trama, Pacino é Simon Axler, um veterano ator de Teatro que está em crise com o seu trabalho. Durante uma apresentação, ele se irrita com o descaso da plateia com sua performance, numa clara crítica à falta de educação de muitos espectadores que preferem ficar teclando mensagens em seus celulares do que prestigiar o espetáculo que foram assistir, seja uma peça de Teatro, um filme, uma ópera e por aí vai. Tanto que ele despenca do palco e vai parar numa clínica para tratar do estresse, após decidir não atuar mais, por achar que perdeu o dom. Ao voltar para casa, ele recebe a visita de Pegeen (Greta Gerwig), filha de uma antiga colega (Dianne Wiest), que confessa estar apaixonada por ele por anos. Os dois iniciam um romance, mesmo ela sendo uma lésbica convicta. A partir daí, Simon começa a viver situações inusitadas envolvendo Pegeen e seus antigos amores, como Louise Trenner (Kyra Sedgwick), que avisa a ele que a jovem iria virar sua vida de cabeça para baixo, o que realmente acontece. Além disso, Simon tenta se livrar dos constantes apelos de Sybil (Nina Arianda), uma mulher que Axel conheceu na clínica, que deseja que ele mate o marido dela, já que ele interpretou um assassino num filme. Para piorar, aos poucos Simon não sabe mais o que fazer com sua vida profissional e todas essas questões acabam fazendo-o não saber distinguir a realidade da ficção.

O interessante em “The Humbling” é que, embora tenha várias cenas cômicas (e realmente divertidas), o filme tem uma carga de mistério bem curiosa, especialmente a partir da metade do filme. Assim como Simon, o espectador não tem certeza se aquilo que ele está assistindo realmente aconteceu ou não, graças ao bom e intrincado roteiro de Buck Henry e Michal Zebede, baseado no livro escrito por Philip Roth. A direção de Barry Levinson, de sucessos como “Rain Man”, “Bom Dia, Vietnã” e “Assédio Sexual”, é segura e competente. Mas com uma história tão surreal, o filme provavelmente seria mais instigante nas mãos de um cineasta como David Lynch. Mesmo assim, o resultado final não decepciona.

Para que “The Humbling” funcionasse, Levinson tinha que contar com um bom elenco. Felizmente, ele tinha isso nas suas mãos. Al Pacino tem mais uma ótima interpretação em sua carreira, como o ator de idade avançada que se descobre indefeso diante de uma paixão avassaladora e imprevista. Greta Gerwig, mais conhecida após protagonizar “Francis Ha”, convence com sua personagem sensual, mas também ambígua e problemática em alguns momentos e se mostra craque no humor. Nina Arianda é responsável por alguns dos momentos mais cômicos do filme, mesmo numa situação que poderia pender para o Drama, e bate uma bola redonda com Pacino. Embora apareçam pouco, tanto Dianne Wiest e Kyra Sedgwick também têm boas atuações.

Com um final inesperado e que pode ser interpretado de várias maneiras, “The Humbling” prova que Al Pacino, ao contrário do que Simon Axler acredita, ainda tem muito a fazer e impressionar no campo da atuação. Basta que sejam oferecidos bons papéis como esse para que ele possa mostrar todo o seu poder como ator. Afinal, como o filme mostra, todo o ator gosta de um aplauso. E ele só vem quando é realizado um bom trabalho como este.

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