A seleção da Première Brasil do Festival do Rio 2014 tem se equilibrado em temas que trafegam pelas nuances dramáticas de seios familiares, críticas políticas e declaração de amor ao Cinema. O Último Cine Drive-in aglutina um pouco de tudo isso, sem perder o fio de sua meada. E agrada.
É o primeiro longa metragem do diretor Iberê Carvalho, e pelo que foi apresentado, o rapaz vai longe. A sensibilidade contida e bem conduzida na trama, demonstra a segurança do diretor na história de Marlombrando (Breno Nina) que reencontra o pai ausente (Othon Bastos), dono de um decadente cinema a céu aberto, com seus dois fiéis funcionários, a projetora Paula (Fernanda Rocha, muito bem) e Zé (Chico Sant’anna), que trabalha na bilheteria. Com a mãe desfalecendo em um típico hospital público, Marlombrando resolve apresentar uma última sessão do tradicional cinema para fazer com que ela amenize sua dor.
O roteiro do próprio diretor com colaboração de Zé Pedro Gollo, investe no confronto afetivo entre pai e filho com suas rusgas afetivas vindas da ausência do pai. Apesar de bem amarrado, o tema é um tanto batido, principalmente no Cinema Nacional. Entretanto, Iberê ´sabe o que está fazendo. Seu protagonista vai desfazendo sua resignação, diante da passionalidade com que enxerga a situação de sua mãe. Daí, o filme vai nos conduzindo a uma jornada para que o desejo do filho se realize na catarse da mãe. Os efeitos da história são realmente envolventes sem que em nenhum momento deixe cair na pieguice.
E para completar, há a fotografia mais bonita de todos os filmes da Première Brasil até aqui, do competente diretor de fotografia André Carvalheira, delineando uma Brasília quase lírica frente a visão realista do diretor. O Último Cine Drive-in é um refresco não só para a seleção nacional do Festival do Rio, mas para a Vida.
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