Primeiro filme geralmente acaba sendo um exercício egoico de busca (muitas vezes, desesperada) por uma identidade cinematográfica. A diretora paulistana Caru Alves de Souza, graças a Deus, foge à regra em sua estreia numa direção de longa metragem, com o singelo “De Menor”, penúltima produção concorrente na Première Brasil do Festival do Rio 2013.
A trama brilha pela organicidade: acompanha Helena, uma advogada recém-formada que divide sua rotina entre defender crianças e adolescentes e os cuidados com o jovem Caio, com quem vive uma relação de cumplicidade e harmonia. O relacionamento dos dois é colocado em cheque quando Caio comete um delito. A diretora parte da condescendência afetiva de Helena para discutir a questão dos conflitos entre maioridade pena e a que isso insere no universo da criança e do adolescente. A diretora diz que pessoalmente é contra a redução da maioridade penal e isso se reflete em seu filme. Para além de discussão ideológica, seu trabalho se impõe pela delicadeza ao tratar do assunto e ainda mais ao se apresentar como mais novo talento do nosso Cinema.
Para isso, contou com o talento de Rita Batata, que dá a ingenuidade e a firmeza necessárias para sua protagonista. O novato Giovanni Gallo nasceu para seu importantíssimo papel e Caco Ciocler confirma o quanto faz falta no Cinema Nacional, compondo um juiz um tanto verossímil. Mas é ao fugir de maneirismos e concentrar na essência de sua história, Caru faz de “De Menor” uma agradável surpresa.
Festival do Rio – Première Brasil: “De Menor” suplanta paradigmas de primeiro filme em retrato social e singelo
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