Cultura colaborativa! Participe, publique e ganhe pelo seu conteúdo!

FICA 2018 – Mesa discute a mulher no cinema

A mulher em papel de comando no cinema deveria ser, hoje, visto como algo natural. Infelizmente, ainda é rara a participação feminina ocupando a cadeira de direção. E mesmo brilhando em frente às câmeras, ainda fica presa aos velhos papéis estabelecidos por uma indústria dominada por homens, como a glamourização desumanizada, o papel de coadjuvante do protagonista masculino e a sexualização. A Casa de Cora Coralina na Cidade de Goiás foi o lugar que acolheu no FICA 2018 o debate com as cineastas Laís Bodanzky, Susanna Lira, a atriz Bruna Linzmeyer, mediada por Ceiça Ferreira, professora de cinema da UEG participante do corpo responsável pela seleção da mostra.
Laís revelou ter tido uma história diferente da maioria das diretoras . Ela é filha de cineasta e desde pequena estava em meio a planos de decupagem, equipamentos. Isso desmistificou o cinema para ela, dando uma proximidade que facilitou sua trajetória. A ideia de que ser cineasta é algo difícil de se alcançar, reforçada pela imagem do “diretor com um charuto e um cachecol”, nunca a intimidou.

Laís Bodanzki
Susanna é filha de mãe solteira, foi criada pela avó e tinha nas duas grandes modelos de empoderamento. Elas foram suas referências de feminismo. Sua influência para se tornar documentarista foi o filme “Cabra Marcado para Morrer” de Eduardo Coutinho. Ceiça levantou a inexistência de diretoras negras em longas. Os dados apontam que o sexo feminino representa apenas 17% de quem dirige sendo que 0% é negra. No documentário “Mataram Nossos Filhos!”, sobre as Mães de Maio, Susanna fez questão de não tratar a mulher negra como vítima, como é recorrente.
Bruna veio de Corupá, cidade de 10 mil habitantes no interior de Santa Catarina. Sua avó era casada com um homem violento, mas sua mãe e ela própria escaparam dessa experiência. Ela lembrou da desumanização da mulher – “ou é deusa ou é puta”, disse – e do fato que existem pouquíssimas produções de temática lésbica dirigia e por mulheres, e menos ainda por mulheres homossexuais. A única que veio à sua mente foi Juliana Antunes, que dirigiu “Baronesa”. A atriz também abordou o tema assédio sexual nos bastidores, tema tão em voga atualmente. Revelou que sofreu pequenos assédios, de modo que sequer percebia do que se tratava, e só veio a descobrir no ano passado. “Hã, isso era assédio?” surpreendeu-se.
Bruna Linzmeyer
Laís se pronunciou sobre o Oscar. Seu mais recente filme, “Como Nossos Pais”, tentou uma vaga para representar o Brasil no prêmio de Filme Estrangeiro. “Bingo: O Rei das Manhãs” foi o selecionado, e não chegou aos cinco indicados da Academia.  “A comissão que escolheu o filme para representar o Brasil no Oscar era desigual”, afirmou ressaltando o fato de somente haver homens, brancos e “velhos”. “Podem dizer que Oscar é bobagem. Não é. É economia. Não podemos ser ingênuos.”, completou.
A cineasta ainda lembrou da mesa em que participou na Rio 2C em abril, apenas com diretoras e falando sobre cinema, não sobre segregação. E ressaltou a liberdade para a mulher falar de outros assuntos com suas obras. E negros também.

Compartilhar Publicação
Link para Compartilhar
Publicação Anterior

FICA 2018: "Construindo Pontes" reflete sobre a família como lugar de conforto e conflito

Próxima publicação

Goldfrapp e líder do Depeche Mode juntos em 'Ocean'

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia a seguir