“Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” veio com a pesadíssima missão de suceder “Homem-Aranha no Aranhaverso”, animação de 2018 que pode ser considerada sem exagero uma das melhores coisas (ou a melhor) já feitas com o Amigo da Vizinhança. Aquele era um projeto da Sony de levar para o cinema, não no formato de filme com atores, mas sim em desenho animado, o que pode ser considerado uma antecipação do que seria feito no MCU em “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”.
O filme introduzia Miles Morales, mais conhecido como o Homem-Aranha negro, que ganhou muita popularidade nos quadrinhos. Unindo representatividade com uma qualidade técnica e de roteiro indiscutível, foi praticamente uma unanimidade entre os fãs e a crítica. Nesse cenário, uma continuação era inevitável.
Na nova produção, Miles Morales retorna para mais uma aventura épica ,que transportará o simpático Homem-Aranha em tempo integral do Brooklyn através do Multiverso para unir forças com Gwen Stacy e uma nova equipe Aranha para enfrentar o Mancha, um vilão mais poderoso do que qualquer coisa que já encontraram.
Sabemos que uma continuação manter o nível de qualidade do antecessor é muito raro. Pois “Aranhaverso 2” integra esse restrito clube das sequências que não perdem muito para o filme original. Há aqui o mesmo apuro técnico da animação arrojada e ousada esteticamente, o carisma dos Aranhas, cenas de ação ainda mais desconcertantes sem esquecer da boa história para contar.
A direção assinada em trio por Joaquim Dos Santos, Kemp Powers (“Soul”) e Justin K. Thompson mantém coesão com o que foi apresentado pela também trinca formada por Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman. Esse diálogo entre os cineastas foi fundamental para não romper o senso de unidade.
O roteiro de Phil Lord, Christopher Miller (que também assinam a produção) e Dave Callaham é bem costurado, embora privilegia mais a ação do que o desenvolvimento dos personagens. Justamente pelo fato de Miles e Gwen já terem sido trabalhados no longa anterior, os roteiristas optaram por explorar mais as implicações do multiverso do que os conflitos dos personagens, embora estejam lá. Esse é o ponto em que “No Aranhaverso” era superior.
Já no que tange a homenagens ao legado do personagem, nos quadrinhos, a atual produção leva vantagem em relação à antecessora. Através do Aranhaverso é um deleite para os fãs do Aracnídeo com diversas referências a todas as mídias imagináveis. Literalmente. É fan service para nenhum aficionado colocar defeito. Mas quem está chegando agora na brincadeira pode ficar um pouco perdido, embora o fio condutor da trama seja bastante compreensível até mesmo para quem não leu gibis ou sequer assistiu ao primeiro Aranhaverso.
O elenco de dubladores traz Oscar Isaac, desempenhando muito bem Miguel O’hara, ou o Homem-Aranha 2099, e Daniel Kaluuya (de “Corra”) como o Spider-Punk, além, é claro, dos retornos de Shameik Moore e Hailee Steinfeld como Miles e Gwen respectivamente.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é o filme do meio de uma trilogia. Assim sendo, termina com um baita gancho que vai deixar os fãs apreensivos até a chegada de “Homem-Aranha: Além do Aranhaverso” em março de 2024. Garanto aqui que não será fácil. Mas por enquanto, é desfrutar de mais essa pérola que não se esforça muito para constar entre os melhores filmes de super-herói já produzidos.
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