AcervoFilmes

José Padilha, seu Robocop e a propriedade civil carioca

Compartilhe &media=https://ambrosia.com.br/wp-content/uploads/2014/03/robocop2014-6.jpg" rel="nofollow"> &title=Jos%C3%A9%20Padilha%2C%20seu%20Robocop%20e%20a%20propriedade%20civil%20carioca" rel="nofollow"> &name=Jos%C3%A9%20Padilha%2C%20seu%20Robocop%20e%20a%20propriedade%20civil%20carioca" rel="nofollow">
robocop620350

Com a moral elevada pelo sucesso de público e crítica com um dos melhores filmes brasileiros da safra atual, Tropa de Elite 2, o diretor José Padilha chegou a Hollywood com cacife para escolher o filme que quisesse dirigir num cardápio bem interessante do estúdio MGM. Ao fim da sessão, pude compreender perfeitamente o porquê da escolha do remake de Robocop.
A relação entre instituição, poder e corrupção retratada ali é uma ressonância do que se vive aqui, principalmente no Rio de Janeiro, terreno da qual Padilha tem muita propriedade. A crítica, de um modo geral, se dividiu e a bilheteria americana anda bem aquém do esperado. Tolice, o filme é bem melhor do que a média do gênero.
O mundo não é o mesmo daquele em que o diretor Paul Verhoeven estreou o filme original. O senso de humor era a tônica para representar a paranoia ianque e Paul soube equilibrar isso com a pungência da violência de seu filme. É um clássico, mas hoje soa datado. Padilha captou a urgência (tão latente em seus “Tropas”) e fez um filme banhando a cinismo cívico, militar e cultural (a última cena é sintomática, assim como a que finalizava Tropa 2).
Na trama, conhecemos o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman), que está investigando um caso que pode prender pessoas influentes da polícia de Detroit. Porém, Murphy sofre um atentado. Assim, torna-se o exemplar perfeito para a OmniCorp, dirigida por Raymound Sellars (Michael Keaton), que criou um sistema de robôs policiais, que já funciona em vários países, mas que ainda não tem a liberação nos Estados Unidos. Com isso, Sellars quer colocar um elemento humano dentro da máquina para que a opinião pública passe a ver este policial com outros olhos, e assim ter um policial imbatível, que seria implacável contra o crime na cidade.

Óbvio que sem grande profundidade discursiva, afinal, trata-se de um exemplar da máquina Hollywoodiana de cinema. Mas dentro do que pode burilar, Padilha foi muito eficiente. Do sensacionalismo midiático, passando pela relativização (bem construída) do vilão institucional e a discussão sobre a legitimidade do livre arbítrio no híbrido homem-máquina, o roteiro atualiza sua alegoria robótica, sem sacrificar a objetividade do momento.
A fotografia do brasileiro Lula Carvalho é um ganho vital e as atuações (a economia de gestos do ótimo Joel Kinnaman e o domínio cênico de Gary Oldman), fazem de Robocop um exímio cartão de visitas para José Padilha no mercado dos EUA. Assim, o mundo aprende que o Brasil sabe se contextualizar para além de um caricato cacho de bananas na cabeça…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sugeridos
FilmesNotícias

Pôster de Supergirl lembra visual de Shazam! e acende debates nas redes

O primeiro pôster de “Supergirl”, liberado por James Gunn nessa semana, já está...

CríticasFilmes

Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado traz a franquia de volta sem inspiração

Se “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, lançado em...

Documentário Morada, com o cantor, compositor e violeiro João Arruda, terá exibição nesta sexta-feira (18) no CPF Sesc
AgendaFilmes

Documentário Morada, com João Arruda, terá exibição no CPF Sesc

Documentário Morada, com o cantor, compositor e violeiro João Arruda, terá exibição...

FilmesTrailersVideos

“Mortal Kombat 2” ganha primeiro trailer explosivo com novos lutadores

Prepare-se para mais fatalities! A Warner Bros. lançou o aguardado trailer de...

ColunasCríticasFilmes

Capitão Fantástico: diga sim para sua família!

Ben (Viggo Mortensen) tem seis filhos com quem vive longe da civilização,...

AgendaFilmes

Filmes de Luiza Botelho participam do Festival de Cinema de Vitória

Dirigidos por Luiza Botelho. o curta “Bela LX-404” e o videoclipe “Kel...

CríticasFilmes

Superman inaugura com acerto a nova DC no cinema

“Superman” não é um filme de origem do primeiro super-herói da História....

FilmesVideocastVideos

Superman – Respondendo a Perguntas Com Spoilers

“Superman” está em cartaz e o Outcast responde a perguntas com spoilers...

CríticasFilmes

Quem é o Superman: James Gunn ou David Corenswet?

Dentro de sua gritante previsibilidade, há um ativo muito positivo quando vemos...

CríticasFilmes

Um ano de Mindfulness: se conhecer para se libertar dos automatismos!

Em meio a uma crise global de saúde mental, milhões de pessoas...