Não adianta, o universo “Kick Ass” se impõe sozinho, para além da pouca repercussão de bilheteria e restrita ressonância na Cultura Pop. A ideia iconoclasta que dá forma a essa franquia, numa espécie de metalinguagem do universo HQ, um tanto sacana e bastante violenta, já havia rendido um primeiro filme muito bom.
“Kick Ass 2″ não tem o frescor do primeiro, mas ainda assim diverte até com suas cretinices. O pulsante Matthew Vaughan sai detrás das câmeras (assina como produtor) e dá lugar a Jeff Wadlow, um diretor protocolar que ao menos não atrapalha a fluência do filme.
Dave ainda está sonhando com uma superliga de heróis, e não quer abandonar sua fantasia de Kick-Ass. Porém, precisa que Mindy seja sua dupla como Hit Girl. A garota até se empolga e treina Dave, que não sabe nada de luta, mas logo é impedida pelo seu tutor, o detetive Marcus Willians (Morris Chestnut). Os conflitos dela, quanto às necessidades de uma menina da sua idade, que vão de sentimentos à popularidade dão uma nova dimensão para a (boa) trama original.
O grande diferencial desse universo são os ótimos e muito bem defendidos personagens protagonistas, o nerd deslocado Dave (Aaron Taylor-Johnson) e a brilhante e precoce Mindy (a interessantíssima Chloe Grace-Moretz). Eles funcionam como antítese do gênero e essa ironia ainda rende nessa continuação. Jim Carey, que polemizou ao dizer que não recomendaria o filme por ser banalmente violento, tem uma participação tão desnecessária quanto seu chilique. Claro que a caricatura pesa a mão e o roteiro é previsível até dizer chega, porém, ao pisar fundo no auto deboche (e até mesmo na violência gráfica extrema), engolimos sua cafajestagem ludibriados pela habilidade técnica, estética gritante dos quadrinhos e, majoritariamente, pelo fato de que se nem o filme se leva a sério, por que haveríamos de nos encucar?
[xrr rating=3/5]
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