“Os 3” é um placebo bem feito e bem digerido

"Os 3" é um placebo bem feito e bem digerido – Ambrosia

Tenho batido muito na tecla de que o cinema brasileiro precisa buscar outros caminhos além do retrato social e/ou interiorano que tanto gosta de radiografar. E tenho visto que recentemente esse desejo tem sido atendido e, invariavelmente, de forma bem sucedida.

Engraçado notar que os três últimos exemplos dessa boa fase (O Homem do Futuro, de Cláudio Torres; Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle e agora Os 3, de Nando Olival) têm, de alguma forma, DNA publicitário, o que envolve um cuidado para além do verniz estético.

Os 3, ainda que irregular, parte de uma realidade casa vez mais presente e ainda dá uma arrojada no microcosmo da juventude atual. Rafael (Victor Mendes), Camila (Juliana Schalch) e Cazé (Gabriel Godoy) se conhecem, em uma festa, e não se desgrudam mais. Vão morar juntos. Estudam juntos. Só não dormem juntos porque há entre eles um pacto de que, para a amizade perdurar, nunca role algo entre eles. Assim, sempre juntos, viram “Os 3”.

"Os 3" é um placebo bem feito e bem digerido – Ambrosia

No final dos quatro anos do curso, porém, o acordo é descumprido e Rafael, sobrando, resolve ir embora. Juntos pela última vez, eles apresentam o projeto de conclusão: um serviço na Internet que mistura reality show com compras online. Empolgado com a ideia, Guilherme (Rafael Maia) decide “comprá-la” para implementar na loja de departamentos de seu avô. A única coisa que ele pede é que os próprios criadores participem, fazendo de suas intimidades domésticas uma forma de ganhar dinheiro.

O filme tem bons momentos e a relação que vai crescendo e se humanizando entre os três é bem filmada e escrita. Claro que o ótimo elenco, sem exceções, ajuda muito. Portanto é o entorno disso que gera problemas. Até chegar na condensação dessa intimidade, o roteiro força muito a barra (o tal encontro inicial, as prerrogativas de cada um, a casa em si) e o posicionamento do conflito final e suas reverberações (as cenas finais parecem terem sido escritas as pressas) soam um tanto superficiais.

Olival, com sua expertise de publicitário, sabe envolver muito bem o espectador. E digo isso pois, apesar dos vacilos narrativos, é impossível não curtir o filme que, como a juventude que retrata, sabe ser envolvente e até vigoroso, mesmo que, após alguns minutos refletindo sobre ele, não esconda um quê de superficialidade.

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Ant
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