Quem diria que a primeira grande franquia de super-heróis que estabeleceria o nicho como o lucrativo subgênero que virou, teria um fim, no mínimo, tão melancólico.
Há uma engenhosa linha que separa o X-Men de Bryan Singer (2000) desse derradeiro e bagunçado lançamento Os Novos Mutantes. Seu estúdio (Fox) foi vendido para Disney, o filme teve inúmeras refilmagens, dezenas de trocas de data de lançamento, fora a pandemia e até um certo senso comum de produção maldita.
Tudo isso não impediu seu lançamento, ainda que isso não signifique uma volta por cima, já que com os cinemas esvaziados pela COVID-19, os lançamentos de blockbusters são quase tapa buracos da indústria. Apesar das críticas severas, o resultado é menos pior do que se alardeou.
A história acompanha cinco adolescentes mutantes que estão reclusos numa instituição secreta de aparente cura de seus poderes. Tratados por uma médica (Alice Braga), seus traumas começam a se materializar após a chega de um deles.
Há uma originalidade na trama que é o uso do terror para estabelecer a vulnerabilidade desses heróis teens. Num primeiro momento isso funciona ao adensar o relacionamento entre os cinco para além dos clichês de suas personalidades. Vê-se aí o dedo sensível do diretor Josh Boone (de A Culpa é das Estrelas). Mas o roteiro não tem muito para onde ir além desse relação mútua. Pelo contrário, ao cumprir suas “obrigações do gênero”, é que se torna genérico.
Apesar do elenco em si ser ótimo (Maisie Williams, de Game of Thrones, é uma atriz muito acima da média e Anya Taylor-Joy tem uma presença absurda), ter dado a protagonista para a inexperiente e inexpressiva Blu Hunt atrapalha ainda mais uma produção já tão problemática.
Os Novos Mutantes é claramente um longa mais modesto (basicamente uma mesma locação e seis atores), sem grandes cenas de ação que se espera de um filme do tipo, mas com uma proposta para o gênero bem promissora. Ter ficado apenas na proposta no entanto, lhe custou quase seu próprio lançamento.