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“Qualquer Gato Vira-Lata” não foge a seu pedigree

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O ator e dramaturgo Juca de Oliveira ainda não encontrou uma adaptação cinematográfica à altura de seu talento. Seus textos teatrais, sempre coléricos na reflexão cômica do indivíduo e seu meio, acabam sempre sendo cortejados pela sétima arte. Mas ou caem na correção estética, como no até bonzinho Caixa Dois, ou perdem grande parte de sua essência como em Qualquer Gato Vira-Lata.
Inspirado na peça Qualquer Gato Vira-Lata Tem a Vida Sexual Mais Saudável que a Nossa do próprio Juca, o filme mantém o mesmo argumento: Tati (Cléo Pires) é uma estudante de Direito, que namora o mulherengo Marcelo (Dudu Azevedo), um bom vivant, mimado e que não quer saber de fidelidade. Após um fora constrangedor que leva no dia do aniversário do namorado, Tati conhece um professor de biologia (Malvino Salvador) que defende uma tese, um tanto polêmica, de que, seguindo a lógica das relações sexuais dos animais, as mulheres deveriam ser mais contidas na tática da conquista, pois os homens sentem-se ameaçados e uma possível relação acaba sendo comprometida.

Existe um arco dramático bem obediente ao delicado gênero de comédia romântica. Tão obediente que carece de nuance na construção de seus personagens. Existe uma máxima de que o humor permite certa formatação nos arquétipos, o que a produção, do diretor estreante Tomas Portella, parece absorver. Isso compromete até a fluidez do roteiro. Portella tem boas sacadas, mas fica claro que sua inexperiência afeta a (falta de) direção dos atores e o ritmo do filme em si, que tem problemas gritantes de montagem e som.
Cléo Pires é uma atriz ainda limitada, mas surpreendentemente se mostra esperta ao trafegar pelo humor. Dudu e Malvino cumprem seus papéis sem grandes destaques.
Vamos dizer que, no todo, Qualquer Gato Vira-Lata até funcione como uma simples distração, mas, principalmente para quem assistiu a versão teatral original, a sensação é de que houve um grande desperdício de uma boa idéia inicial.

[xrr rating=2.5/5]

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