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A Voz Poética de Luiz Regis Furtado

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Iniciamos este ano com uma coluna dedicada a explorar nomes fundamentais de nossa cultura literária, trazendo à tona vozes que moldam e enriquecem o panorama das letras brasileiras. E não há melhor maneira de começar do que apresentando Luiz Regis Furtado, um escritor cuja obra é um convite à imersão em universos onde memória e identidade se entrelaçam em versos e narrativas profundamente humanas.

Luiz Regis Furtado: Um Poeta das Raízes e dos Labirintos da Alma

Nascido em 28 de março de 1957, na cidade de Parnaíba, no Piauí, Luiz Regis Furtado é um artista múltiplo cuja trajetória pessoal reflete-se diretamente em sua produção literária. Aos quinze dias de vida, chegou ao Brejo, no Maranhão, terra de seus pais e local onde suas raízes familiares e afetivas fincaram base. Aos dezesseis anos, partiu para São Luís, capital maranhense, e, em 1977, seguiu para Belém, no Pará, onde se formou em Engenharia Agronômica. Retornou a São Luís, onde consolidou sua carreira como poeta, escritor e compositor. Seus deslocamentos parecem ecoar nas paisagens emocionais de sua obra, marcada por uma sensibilidade que transcende fronteiras literárias.

A produção de Furtado é um diálogo constante entre o íntimo e o coletivo, o particular e o universal. Em 2002, publicou seu primeiro livro, Elegia, uma obra poética que já anunciava a maturidade de um autor capaz de transformar sentimentos em versos que ressoam no leitor. Sua poesia é marcada por uma linguagem introspectiva, que dialoga com as tradições literárias brasileiras, mas também carrega uma voz única, enraizada nas paisagens e nas histórias do Nordeste. Em seus poemas, a memória é matéria-prima, e cada palavra parece escavada com cuidado, como se fosse possível extrair beleza até mesmo da dor.

Três anos depois, em 2005, Furtado lançou Vozes do Brejo, seu romance histórico que mergulha nas origens de sua terra adotiva. Nesta obra, ele explora narrativas que resgatam a cultura e a história local, tecendo uma trama cativante. O compromisso do autor com suas raízes é evidente, mas sua habilidade em transformar elementos reais em ficção é o que realmente impressiona. Vozes do Brejo é mais do que um romance; é um testemunho de amor à terra que o acolheu e um tributo às histórias que permanecem vivas através das gerações.

Em 2012, Furtado retomou a poesia com Canto da Manhã, seu terceiro livro, que revela uma abordagem renovada e madura. Aqui, o autor explora temas como o tempo, a existência e a beleza do cotidiano, sempre com uma linguagem que oscila entre o melancólico e o esperançoso. Uma reflexão sobre sua própria jornada, que toca pela delicadeza com que Furtado trata questões universais, transformando-as em algo profundamente pessoal.

Além de sua produção literária, Luiz Regis Furtado tem um papel ativo no cenário cultural brasileiro. Em 2003, foi empossado na Academia Brejense de Artes e Letras, tendo como patrono Sebastião Carvalho, uma homenagem que reforça sua ligação com o Brejo e sua contribuição para a cultura local. Em 2017, foi recebido na Academia Atheniense de Letras e Artes, ocupando a cadeira de número oito, cujo patrono é o renomado poeta Sousândrade. Essas honrarias não apenas reconhecem seu talento, mas também destacam sua importância como guardião e propagador da arte e da literatura.

E mais recentemente assume a presidência da Academia Literária do Maranhão (ALMA), em 02 de fevreiro de 2025. Luiz Regis Furtado também participou de muitas outros trabalhos, em antologias diversas, mas o que nos apresenta, seja através da poesia ou da prosa, a uma viagem pelas paisagens do Nordeste (Maranhão e Piaui), pelas memórias de um povo e pelos labirintos da alma.

Em um mundo cada vez mais acelerado, a poesia de Furtado nos lembra da importância de parar, observar e sentir. Suas palavras são um canto que ecoa entre o seu lugar de acolhimento, Brejo e o mundo, uma voz que nos convida a ouvir as histórias que habitam em nós e ao nosso redor.

Luiz Regis Furtado não é apenas um escritor; é um contador de histórias, um guardião de memórias e, acima de tudo, um poeta que nos ensina a ver beleza até nas coisas mais simples. Seu trabalho é um presente para todos aqueles que acreditam no poder transformador da literatura. Que esta coluna sirva como um convite para que você, leitor, mergulhe em trajetórias de nosso país, e descubra, nas palavras de Furtado, um pouco mais sobre si mesmo e o mundo que o cerca.

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Por
Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

3 Comentários

  • Começou bem esta coluna, tratando da vida e obra deste exímio Poeta e Escritor, digno Presidente da ALMA. Ele já atravessou fronteiras. Parabéns. Avante.

      • Régis Furtado chegou em boa hora. Sim, porque sempre é boa hora quando se tem o que oferecer. E Régis é um escritor experiente e gabaritado, daqueles que trazem um sentido no que escrevem. Poeta e letrista de valor inestimável.

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