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20 anos do estouro Brit Pop parte 2: 20 anos de "Parklife" do Blur

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Os vinte anos de Definitely Maybe do Oasis estão sendo comemorados com toda a pompa, o que é extremamente justo dada a importância do disco para o Rock Britânico e para o Pop da década de 90 de maneira geral. Porém, também está completando 20 anos um outro disco, que não está tendo a mesma celebração da mídia em seu aniversário, mas foi de suma importância para a consolidação da era Brit Pop, ou Cool Britania, como alguns chamam. O disco é Parklife do Blur.
Ao contrário do Oasis, o Blur não estava debutando quando lançou sua obra prima. Já era o terceiro trabalho de estúdio da banda formada por Damon Albarn (vocal), Graham Cox (guitarras), Dave Rowtree (bateria) e Alex James (baixo) em 1989. Influenciados por Kinks, Small Faces, The Jam e Madness, o Blur, era apenas mais uma banda que surgia na esteira do Stone Roses naquele início de década de 90, com um rock baseado em guitarras casadas com batidas dançantes, quando lançou em 1991 o bom Leisure, que trazia a reboque os hits There’s No Other Way e She’s So High. No ano seguinte veio o ótimo Modern Life Is Rubish, e a banda ganhou ainda mais projeção na cena britânica.
Lançado em 25 de abril de 1994, Parklife era uma peça dividida em 16 pequenos atos, digo, canções, que iam do Dançante ao Punk, passando por influências syd barretteanas, New Wave, um quê de Vaudeville, sem prescindir do cinismo e da fina ironia da década retrasada tão bem traduzida pela banda em todo seu trabalho. Logo após o lançamento de ‘Modern Life’, Albarn já estava trabalhando em novas canções, e queria desta vez ser mais ambicioso na concepção, assim como fora o The Who quando gravou o segundo álbum , A Quick One. O Blur sentia necessidade de ir além de mais uma banda pop inglesa. A banda procurou o produtor Stephen Street e as sessões começaram em agosto de 1993. As músicas foram gravadas relativamente rápido, com exceção de This Is A Law. O curioso é que o disco não agradou ao dono da gravadora Food Records, embora a banda tenha ficado satisfeita. Logo depois a Food foi vendida para a EMI.
A primeira ideia de título para o disco foi Soft Porn’ e traria a foto do Palácio de Buckingham estampando a capa. Outro título também considerado foi ‘London’, com uma barraca de frutas e legumes da Portobello Road em Londres. A ideia final de capa veio de uma vitrine de uma casa de apostas com anúncio de várias modalidades esportivas incluindo corrida de cães. A principio a vitrine inteira estamparia a capa, mas posteriormente decidiram apenas pela foto da corrida de cães.
Embora a primeira faixa Girls & Boys soe ensolarada e convidativa à pista de dança com sua pegada Synth Pop, o tom que permeia o disco é uma tenaz crítica aos costumes, a instituições burocráticas inglesas, além do comodismo e da inércia do cidadão comum habitante dos grandes centros urbanos. As faixas Tracy Jacks e Bank Holliday versam sobre o apego à segurança e à normalidade, e Badhead sobre o conformismo. A faixa título, que em português significa sedentarismo, ironiza a preguiça e a mediocridade. A parte falada da música é interpretada pelo ator Phil Daniels, protagonista da versão cinematográfica de “Quadrophenia” do The Who. A faixa que mais evidencia a ambição artística da banda presente no álbum é To The End com belos e arrojados arranjos. Segundo o guitarrista Graham Coxon, ele estava apaixonado pela música francesa naquela época, o que explica a influência do típico estilo de composição francófona, sobretudo dos anos 60, na faixa. Poucos sabem, mas a voz feminina da música na versão demo era da então namorada de Albarn Justine Frischmann, do Elastica. Na versão final, foi a voz de Laetitia Sadier do Stereolab que entrou. A banda repetiu o conceito de composição em The Universal, do álbum seguinte The Great Scape.
A forte influência da cultura Americana na Inglaterra dos anos 90 também foi alvo do sarcasmo da banda na faixa Magic America, título que foi inspirado em um canal pornô italiano. O refrão em que Albarn canta “La La La La La/ He wants to go to Magic America/With all those Magic people”, também pode ser interpretado como um desdém às paradas de sucesso estadunidenses, que sempre foram o alvo primário da maioria das bandas britânicas, mas onde o Blur, até aquele momento, parecia não ter muita vez.
Outro elemento interessante no disco é a presença de vinhetas, como fizera o The Who em The Who Sell Out. Aqui o Blur criou Debt Collector, que funciona como uma “intermission” no meio do álbum, e a derradeira faixa Lot 105.
Damon Albarn disse certa vez que Parklife foi mal interpretado, era um disco agressivo, mas pouquíssimas pessoas perceberam. Albarn certa vez explicou: “Para mim, Parklife é como um álbum conceitual frouxamente ligado envolvendo todas essas histórias diferentes”.
Como todo bom clássico o disco não envelheceu. Parklife teve bom êxito no mundo inteiro e o Blur se tornou a maior banda da Grã-Bretanha junto com o Oasis. Mas enquanto a banda de Manchester conquistaria a América no ano seguinte, o Blur só entraria com tudo nas paradas do Tio Sam dois discos depois, em 1997 com os hits Song 2 e On Your Own, do disco que levava apenas o nome do grupo. Após o soturno 13 de 1999, à saída do guitarrista Graham Coxon e o fraco Think Tank de 2003, a banda encerraria suas atividades, até porque Albarn estava focado em outros projetos como o bem sucedido Gorillaz.
Em 2009, eis que a banda resolveu fazer um come back que mobilizou a mídia e, é claro, os fãs. Dali começaram a fazer alguns shows, se apresentaram no Hyde Park no dia do encerramento das Olimpíadas de Londres e saíram em turnê mundial, rendendo até uma vinda ao Brasil em 2013 para o festival Planeta Terra.
Ainda não se sabe a respeito de um possível novo álbum, mas a certeza é que dificilmente vão repetir o êxito criativo de Parklife. E nem precisam. O assinatura do Blur no livro de ouro do rock já está devidamente gravada.
Leia também:
20 Anos do Estouro ‘Brit Pop’, Parte 1: 20 anos de Definitely Maybe do Oasis

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