A cantora australiana de jazz Sarah McKenzie veio ao Brasil pela primeira vez na inauguração do Blue Note, no Rio de Janeiro, no dia 30 de agosto. É a filial brasileira da famosa casa de jazz. Sarah lançou no início desse ano seu segundo álbum, “Paris In The Rain”. A cantora recebeu a Revista Ambrosia no hotel Sofitel (Ipanema) – bem próximo à esquina onde Tom Jobim e Vinícius de Moraes, cujo trabalho ela afirma admirar, tiveram a inspiração para Garota de Ipanema – e conversou sobre carreira, influências e o novo disco. Confira abaixo.
Ambrosia: Sua carreira começou em busca de uma bolsa na Berkley University, certo?
Sarah McKenzie: Sim, foi no Umbria jazz festival que é associado à escola de música de Berkley. Eu realmente tinha o sonho de ir a essa escola mas tudo relacionado a Berkley é muito muito caro. Então eu precisava de uma bolsa de estudos. E eu não sabia como fazer para ser vista, pois o evento que oferece as bolsas não vai à Austrália, de onde eu sou. Então, vi que poderia ir ao Umbria, e sem precisar de muito dinheiro poderia participar do workshop da escola e também ver toda a música do festival. Aí pensei: vou aprender, vou ver o pessoal do Herbie Hancock, e todo mundo, seria uma grande oportunidade. Daí eu fui, toquei no worskshop, e eu sempre tive o sonho de conseguir essa bolsa em Berkley e fiquei muito feliz em conseguir
A: E agora você está lançando esse novo disco, “Paris in the Rain”, que foi produzido por Brian Bacchus (que trabalhou com Norah Jones e Gregory Porter). E também foi gravado sob o lendário selo Impulse, que está de volta às atividades. Como foi essa experiência?
Sarah: Eu me sento muito honrada em fazer dois discos pela Impulse. Várias lendas do jazz gravaram nesse selo, como John Coltrane, Shirley Horn, então é uma grande honra para mim. Com a equipe do Impulse eu tive o prazer de gravar os dois álbuns que fiz. “Paris in the Rain” não poderia ser melhor.
A: Você é conhecida por uma performance ao vivo que vai além da versão em estúdio. Você improvisa muito?
Sarah: Sim. Na gravação de estúdio é diferente, é como peça de arte. Você tem que ter o tom perfeito, um certo conceito. Quando é um show ao vivo você realmente quer reagir ao momento. Se alguma coisa acontece com um dos instrumentos você quer acompanhar.
A: Você pode me dizer quais são as suas influências?
Sarah: Claro! Adorava os trios para piano quando eu estava crescendo. Primeiro foi Oscar Peterson e seu disco “Night Rain”. Eu caí de amores por esse. Também caí de amores por Ray Brown nesse álbum com Peterson. Eu pesquisei sobre os dois e ouvia a todos os trios de que eles fizeram parte, como Ray Brown com Gene Harris, com Monty Alexander, Benny Green, Geoffrey Keezer. E o álbum de Tom Jobim (The Adventures).
A: Há um músico brasileiro em sua banda, e há uma música de Tom Jobim no álbum. Você curte música brasileira?
Sarah: Sim. Eu adoro Bossa Nova. Essa é a minha primeira vez no Brasil, mas eu sempre adorei a música e os músicos. Eu acho que meu primeiro contato com Jobim foi através do Stan Getz, porque eu amo Stan Getz. E aí eu ouvi aquele belo som da Bossa Nova e me apaixonei. E Elis Regina, eu adoro ouví-la cantar. Eu amo todos os álbuns de Tom Jobim, eu adoro do sentimento, é muito romântico, agradável e intimista. Sabe, Coltrane é fantástico e é ótimo às vezes ficar mais calmo e ao mesmo tempo é poderoso. Eu gosto de ter um clima de Bossa Nova nos meus álbuns.
A: E você sabe que garota de Ipanema foi escrita aqui pertinho?
Sarah: Sim, eu fui lá ontem (risos)
A: Você abriu a filial brasileira do Blue Note. Como se sente?
Sarah: Eu me sinto honrada. A primeira estrangeira a tocar no Blue Note brasileiro. É realmente algo especial. Foi incrível na noite passada, foi lindo. Eu tenho que voltar aqui.
- Agradecimentos à Universal Music
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