Greta Van Fleet estreia fiel à força do rock clássico – Ambrosia

Greta Van Fleet estreia fiel à força do rock clássico

Greta Van Fleet estreia fiel à força do rock clássico – Ambrosia

O Greta Van Fleet vem chamando a atenção na cena musical por sua inegável semelhança com o Led Zeppelin. Para alguns, uma homenagem saudável. Para outros uma cópia acintosa. A banda, que traz na bagagem dois EPs (“Black Smoke Rising” e “From the Fires”, ambos de 2017) e tem sido presença constante em festivais no exterior, lança agora seu primeiro álbum, “Anthem of the Peaceful Army” (Republic Records/Universal Music 2018), no qual podemos ver com clareza seu poder de fogo.
O GVF foi formado em Frankenmuth, Michigan – uma pequena cidade conhecida como “Pequena Baviera” e mais conhecida por “Christmas Wonderland” de Bronner, um paraíso de Natal aberto o ano inteiro – em 2012 pelos irmãos Josh (vocal), Jake (guitarra) e Sam Kiszka (baixo). O baterista Danny Wagner entrou em 2013, substituindo Kyle Hauck. Em álbum de estreia pode-se dizer que os rapazes compensam a falta de originalidade com entrega e garra para engendrar um rock vigoroso feito com excelência técnica. O talento dos músicos é indubitável. É louvável que esse seja um aspecto das bandas que os influenciaram do qual eles não abrem mão. Mais do que o Led Zeppelin, a grande influência do quarteto é o rock de arena setentista. A época em que os gigantes caminhavam sobre a Terra.
A música que abre o disco ‘Age of Man’, por exemplo, acena mais para o rock progressivo, remetendo até um pouco ao Rush nos primeiros dois discos, com uma métrica que lembra composições do Black Sabbath.
‘The Cold Wind’ não deixa a menor dúvida de quem é a grande inspiração da banda. A introdução com riff à la Jimmy Page e uma virada da bateria característica de John Bonham dão a deixa para um “ooh yeaah” que um desavisado pode até achar que é Robert Plant. O problema é que Josh Kiszka faz questão de reproduzir todos os maneirismos vocais de Plant, aí fica difícil defendê-lo dos que o atacam tachando de cover. Coloquemos como exemplo a faixa ‘Love Leaver’. É impossível ouvi-la sem lembrar imediatamente de ‘Whole Lotta Love’. É sem dúvida a música do álbum que se pode chamar de duplicata da alquimia zeppeliana. Só que, embora bons, nenhum dos quatro equivale à grandeza de suas respectivas contrapartes.

Então o disco é em grande parte um arremedo de Led Zeppelin? Os rapazes tem talento e criatividade para não deixar a coisa se limitar a isso. ‘You’re the One’ até remete ao disco “Led Zeppelin III”, mas também dialoga com outras bandas do início dos anos 70, assim como ‘The New Day’. ‘Mountain of the Sun’ é um rock com suingue irresistível, no qual se pode constatar o talento dos irmãos Ziszka como compositores. ‘Brave New World’ é uma em que a influência é clara mas não soa como cópia assim como a faixa título.
Bandas nostálgicas, especialmente em relação aos anos 1970 não são novidade. O Black Crowes era muito parecido com o The Faces, por exemplo. O Kings of Leon quando surgiu emulava claramente o country rock do período. Mas o Greta Van Fleet pode ter carregado mais na tinta para se aproximar de seus ídolos, o que gerou indignação em alguns amantes do rock clássico. Não é para tanto. Assim como não é justo descartá-los como uma falsificação barata, também não é correto aureolá-los como salvação do rock (como já se ouviu por aí) pelo simples fato de estarem “copiando os bons”. “Athem” funciona como uma saborosa nostalgia, todavia, o GVF deve se manter alerta para não se tornar eternamente refém dela e procurar buscar mais identidade própria nos trabalhos vindouros.

Cotação: 3.5/5

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