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Rock In Rio: os encontros de nomes do Rock Brasil nos palcos Sunset e Mundo no segundo dia

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O sábado (28 de setembro) no Rock In Rio 2019 foi marcado pelos encontros de artistas do Rock Brasil. O Palco Sunset, tradicional cenário da mistura de estilos no festival, teria colaboração de Paulo Miklos no show do Ego Kill Talent, que na última hora acabou não ocorrendo. O primeiro crossover foi de um do Detonautas, um dos principais nomes da cena rock da virada do milênio com os paulistas do Pavilhão 9, a maior marca do hip hop dos anos 90 junto com o Planet Hemp.

Rock, conscientização e protesto

O Detonautas já entrou com o público nas mãos e não economizou no discurso de diferentes causas. Uma delas foi a saúde emocional, aproveitando o setembro amarelo (mês de prevenção do suicídio), na música ‘Ilumina o Mundo’, com letra que prega a luz como solução aos problemas. O sucesso que veio em seguida, ‘Olhos Certos’ foi cantada a plenos pulmões pelo público concentrado em frente ao Sunset. Foi a hora de o Pavilhão 9 com seu clássico ‘Trilha do Futuro’. ‘O dia que não terminou’ levantou a plateia, como esperado, mas desandou um pouco o ritmo que a entrada do Pavilhão sugeriu.

Tico Santa Cruz aproveitou para lembrar que estava assistindo ao show dos colegas paulistas na edição de 2001 do Rock In Rio. E agora divide o palco com eles. Foi a deixa para ‘Mandando Bronca’ , chumbo grosso de 1997, originalmente parceria do Pavilhão com os irmãos Max e Igor Cavaleira, fundadores do Sepultura, na época ainda na banda.

Detonautas e Pavilhão 9

Tico brincou com a plateia dizendo que música ruim é logo esquecida e música boa fica para sempre e que ia tocar um sertanejo universitário. Convocou o público para que, quando ele dissesse “tchu” respondesse “tcha”. Mas o que veio foi ‘Killing in the Name’, do Rage Against the Machine, e o tchu/tcha eram as notas que antecedem o refrão. Foi sem dúvida o melhor momento do show, e justificou o crossover. Claro que a plateia entendeu que se tratava de um disparo contra as nossas autoridades  houve protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (o já tradicional “ei, Bolsonaro, vai tomar no **!”). Tico logo repreendeu a manifestação pedindo para que não fossem evocada nenhuma energia negativa (a princípio ele disse positiva, mas logo consertou, alegando estar “muito louco”). O encerramento se deu com o sucesso absoluto do Detonautas ‘Outro Lugar’, com snipet de ‘Immigrant Song’ do Led Zeppelin no final. E ainda vinha mais nostalgia, só que no palco principal.

Surra de hits com Raimundos + CPM22

Foi a melhor junção do dia: criador e criatura. O CPM22 foi uma das várias bandas brasileiras que surgiram no final dos anos 90 sob influência dos Raimundos. Badaui não escondia a realização de estar dividindo o palco com seus ídolos Digão e Canisso. Os primeiros acordes de ‘Mulher de Fases’ provocaram uma correria em direção ao palco Mundo do público que acabara de assistir a Detonautas e Pavilhão no Palco Sunset. Um show consistia em alternância de músicas de ambas as bandas. A segunda foi ‘Regina Let’s Go’, clássico do CPM, também muito bem recebida pelo público. Só que o repertório dos brasilienses tem mais força do que o dos paulistas, isso ficava nítido na reação do público em músicas como ‘A Mais Pedida’ e até a não tão radiofônica ‘Reggae do Maneiro’ (até pela letra…).

Badaui se mostrou bastante à vontade assumindo os vocais nas músicas dos Raimundos. Não houve espaço para as composições da fase após a saída de Rodolfo, com o setlist concentrado nos quatro primeiros álbuns. O grande baile Rock Brasil anos 90 que se transformou o Parque Olímpico seguiu firme e desafiando a chuva fina que ia e vinha (inclusive o mau tempo fechou os brinquedos). Antes de anunciar ‘Puteiro em João Pessoa’ o vocalista do CPM22 reforçou que era uma honra para ele, que ia a todos os shows do Raimundos em São Paulo, executar a faixa que se seguiria. O crossover enfileirou ’12 de outubro’, ‘I Saw You Saying’, ‘Me Lambe’, ‘Inevitável’, ‘Eu Quero Ver O Oco’ e fechou com ‘Um Minuto Para o Fim do Mundo’.  Um encontro que celebrou aquela que foi a última era em que o rock teve relevância midiática no Brasil. E observando com revisionismo é que se tem a real dimensão do que foi aquela geração, na época ainda à sombra da revolução roqueira da década anterior.

Titãs faz apresentação investindo na diversidade de estilos 

Última atração brasileira do segundo dia de Rock In Rio, os Titãs apostaram em convidados da nova geração e de diferentes estilos. A primeira foi Érika Martins, ex-Penélope e atual Autoramas, dividindo os vocais com Branco Mello em ‘Flores’. Depois de ‘Lugar Nenhum’ e ‘Go Back’, a banda homenageou a História do Rock Brasil na trinca de covers que trouxe ‘Pro Dia Nascer Feliz’ do Barão Vermelho moldada em uma interessante roupagem “titânica”, ‘Aluga-se’ (mais protestos anti-Bolsonaro vindos da plateia), já tradicional cover de Raul Seixas do repertório dos Titãs – fazia parte do disco de versões “As Dez Mais” – e ‘Orra Meu’ de Rita Lee.

Titãs e Érika Martins

A segunda convidada, Ana Cañas, acabou roubando as atenções por cantar de topless. Ao abrir o sobretudo ela exibiu um modelito que consistia em um shortinho e um body composto por colares de pedras (que já revelavam bastante), mas que segundo ela, arrebentou e não foi premeditado. Ela se juntou aos Titãs para ‘Comida’ e ‘Sonífera Ilha’ bradando contra o machismo.

Titãs e Ana Cañas

‘Cabeça Dinossauro’ foi a deixa para o baterista Mário Fabre brilhar, com direito a um trecho de Rock N’ Roll do Led Zeppelin. Em seguida, um momento para todo mundo cantar junto, na música ‘Epitáfio’ e uma volta à fase Arnaldo Antunes com ‘O Pulso’. A terceira parceria do show, com o rapper paulista Edi Rock, foi quando a coisa atravessou. O rap não se entrosou bem com o rock dos Titãs em ‘Diversão’, e ainda menos em ‘Bichos Escrotos’. A intenção de promover um encontro investindo na diversidade foi benéfica, mas, ao contrário do que costuma acontecer no Palco Sunset, nenhuma das colaborações acrescentaram algo à música, já que a banda optou por seguir a execução usual, em vez de permitir aos convidados que dessem seu toque às composições. Seria interessante se houvesse alguma música da recente ópera rock “Doze Flores Amarelas”. No final do show Sérgio Brito fez uma crítica ao governo do Rio indagando se transformar as comunidades carentes em campo de guerra é a solução. O protesto antecedeu ‘Polícia’. A banda acabou interrompida pelos fogos anunciando a primeira atração internacional no palco Mundo.

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