Slash se mantém fiel às raízes em “Apocalyptic Love”

Slash se mantém fiel às raízes em "Apocalyptic Love" – Ambrosia

Se o rock é uma religião, Slash talvez seja o nome atual que teria tudo para se tornar um sacerdote, ou mesmo um papa. Em atividade desde os anos oitenta, o músico segue fiel ao gênero que abraçou, sem se render a modismos, firulas ou devaneios de produtor. Enquanto seu ex-companheiro de banda, Axl Rose, se tornou recluso e levou inacreditáveis 14 anos para lançar um álbum mediano, Slash manteve uma carreira profícua, primeiro com a banda Snake Pit, e posteriormente, junto de seus companheiros de Guns, Matt Sorum e Duff McKagan ao formar o Velvet Revolver – com o vocalista do Stone Temple Pilot Scott Weiland.

O grande obstáculo de Slash em sua cruzada roqueira é justamente os vocalistas com quem trabalha. Primeiro o ego de Axl e depois a bebedeira de Weiland. Talvez por isso, o homem da cartola e dos cabelos no rosto resolveu seguir solo, mais liberdade criativa e menos dor de cabeça.

Slash se mantém fiel às raízes em "Apocalyptic Love" – Ambrosia

No primeiro disco solo, intitulado apenas com o nome do guitarrista, ele optou por chamar vários convidados especiais para se revezarem nos vocais principais. Apesar de um resultado interessante, o disco era um pouco super produzido demais e estrelas como Fergie, Chris Cornell, Ozzy Osbourne e Adam Levine acabaram por roubar a cena daquela que deveria ser a atração principal do álbum: a Gibson Les Paul de Slash.

Já em Apocalyptic Love (Dik Hayd Records/EMI, 2012), a guitarra é definitivamente a estrela. Para quem achou que ela ficou em segundo plano no disco anterior, neste, ela se faz presente e de forma marcante. Não é exagero dizer que nas quinze faixas do álbum estão alguns dos riffs e solos mais inspirados de Slash desde os tempos do Guns N’ Roses. Quem tem saudades de composições do calibre de Sweet Child Of Mine, Paradise City, Civil War, Garden Of Éden vai encontrar deleite em One Last Thrill, No More Heroes, Anastácia e Hard & Fast.

Slash se mantém fiel às raízes em "Apocalyptic Love" – Ambrosia

Claro que em meio às (muitas) pauladas há um momento para retomar o fôlego, o que fica a cargo de Far and Away, um momento mais suave, mas que não chega a ser meloso. Fica clara que Slash não fez a menor questão de soar atual, moderno. Todas as faixas remetem ao hard rock de Los Angeles do final dos anos 80 e início dos 90, época em que o gênero dominava as paradas americanas e rendia milhões às gravadoras. E daí que alguns consideram fora de moda? Slash não está nem aí.Também são identificáveis, por entre as faixas do álbum, os ecos das influências do Guns N Roses, como, a principal delas, o Aerosmith.

A escolha da banda também funcionou. Os vocais de Myles Kennedy, ex-Mayfield Four, são eficientes e não tentam duelar com a guitarra. Os outros músicos, denominados como The Conspirators (o baterista Brent Fitz, iclusive, trabalhou no álbum anterior), também cumprem, de forma honrada a tarefa de servir da escada para riffs e solos.

Apocalyptic Love é um disco que agradará em cheio aos fãs do rock, sobretudo àqueles que acompanham o estilo desde sua fase áurea. Com as boas composições do álbum, somadas aos momentos mais inspirados do anterior, Slash tem repertório de sobra para reduzir o número de covers do Guns nesta turnê sem correr risco de desagradar aos fãs.

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