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Alex Ross e sua Mulher-Maravilha icônica, divina e humana

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Com o sucesso da Mulher-Maravilha nas telonas, veio à lembrança uma graphic novel excepcional que Alex Ross trouxe para o nosso deleite no começo dos anos 2000. Após Batman: Guerra contra o crime e Superman: Paz na Terra, a divindade do desenho para fechar a divina trindade da DC Comics trazia Mulher-Maravilha: O espírito da verdade.

Uma vez mais, Ross e Paul Dini desenvolviam uma breve narrativa monográfica de um personagem icônico, neste caso centrado na amazona, que nos mostra os calores mais significativos da personagem que lhe converteu no símbolo que é hoje em dia. Foi lançado em 2002, no mesmo formato das outras, álbum gigante, formato 25,4 x 34 cm e 64 páginas coloridas, pintadas por Ross.

Deixando de lado a edição, o álbum segue a personagem no início de sua carreira como embaixadora da Ilha Paraíso. Fazendo uma comparação com os seus companheiros da Trindade, Wonder Woman é bem diferente e como tal possui uma história distinta, que transmite valores bem diferentes de seus comparsas. Guerra, paz, verdade, cada um leva um caráter simbólico distinto a cada personagem da Trindade. Enquanto que Batman simboliza a incansável luta pessoal contra os criminosos, aterrorizando para que desistam de seus delitos; Superman é uma figura positiva, altruísta e messiânica que só usa da violência quando necessário, e que almeja uma absoluta ausência de conflitos no planeta. Já no caso da Mulher-Maravilha, simplificando, de alguma maneira se situaria entre os dois anteriores, mas um pouco mais próxima da filosofia de seu amigo Clark Kent do que Bruce Wayne. Diana persegue a justiça em um mundo que a vê como uma estrangeira, que demora em compreender seus habitantes e sem dúvida busca a resolução de conflitos e a verdade através de seu laço.  A Mulher Maravilha, apesar de seu caráter forasteiro, é o personagem mais próximo dos necessitados, especialmente as mulheres e crianças, o que faz de alguma maneira a heroína mais preocupada com as injustiças de caráter social na Terra, algo que evidentemente leva inscrito em seu DNA por sua origem como símbolo feminista.

Wonder Woman luta contra terroristas, contra governos, empresas e corporações, o necessário para defender os desfavorecidos na injusta sociedade baseada no patriarcado, muito diferente da utopia que crescera e vivido toda sua vida. O argumento desta obra é uma das mais perfeitas representações de Wonder Woman em seus valores mais significativos, que sempre foram ligados ao personagem e reconhecidos desde sua criação por William Moulton Marston em 1941.

De Alex Ross não se pode dizer nada além do que já foi dito. É seguramente o tipo de artista que faz sobrar palavras para definir sua arte. O álbum, assim como o do Super-Homem, está narrado sem balões de diálogo, e sim mediante breves linhas de texto esquinadas para não entorpecer no trabalho de Ross, e repleto de espetaculares splash-pages. Empregar modelos não anula a arte da criação. Levando a Mulher Maravilha como exemplo, Ross teve que ver em sua mente o que caberia visualmente à personagem . Ele a viu correndo como uma gazela. Ele a viu pulando e pulando pelo ar. Enquanto muitos heróis fazem uma entrada dramática ao destruir uma janela, o Sr. Ross escolhe os melhores meios para Wonder Woman. Ela atravessa a janela com seus braceletes cruzados exibindo a herança olímpica e seu imponente simbolismo, incluindo seus olhos azuis. Cabe destacar a representação que Ross faz de Mulher-Maravilha, como uma mulher adulta e madura, não especialmente hipersexualizada, salvo por suas vestimentas, que é a clássica da personagem.

Mulher Maravilha foi reinventada ao longo de sua história. Começou como uma criatura de mito e magia. Nos anos sessenta, se tornou uma mulher no molde de Emma Peel. Nos anos setenta e oitenta, as narrativas de ficção científica lhe moldaram. Na década de noventa, se tornou uma mulher da inocência. A verdade usa muitas formas, e é assim que Paul Dini trata seu personagem, em sua essência.

Desta vez, no lugar de incluir imagens no corpo do texto, os deixo com uma galeria de diversas páginas do álbum para seu deleite.

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Cadorno Teles -

Cearense de Amontada, um apaixonado pelo conhecimento, licenciado em Ciências Biológicas e em Física, Historiador de formação, idealizador da Biblioteca Canto do Piririguá. Membro do NALAP e do Conselho Editorial da Kawo Kabiyesile, mestre de RPG em vários sistemas, ler e assiste de tudo.

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