Não há dúvida de que Shazam está atual e em voga, devido a recente adaptação do filme estrelado por Zachary Levi, e que está recebendo elogios da crítica e do público e vai consolidando o Universo DC no cinema. É um personagem desconhecida para muitos, incluindo leitores, mesmo regulares do universo DC, que dificilmente leram material original, mas por alguma razão, retorna para obter uma popularidade que só teve em seus primórdios, nos anos 1940.
Dada ao material publicado no Brasil, é uma boa analisar uma obra do passado, que é certamente uma das mais icônicas que podemos encontrar atualmente: Shazam, o poder da esperança, publicado em separado na edição da Abril de 2001 e na antologia da Panini “Os maiores super-heróis da Terra”. Um trabalho que segue a trilha das maravilhosas narrativas gráficas de Alex Ross e Paul Dini, já analisados aqui na Ambrosia:
Super-Homem: Paz na Terra, Mulher-Maravilha: O espírito da verdade e a própria antologia que reúne as obras-primas da dupla.
A narrativa apresenta Billy Batson, um garoto que leva uma vida difícil. Sua vida muda completamente quando um mago, cansado de seu próprio poder, decide dar a ele seus poderes, mediante ele dizer uma única palavra… Shazam! E ele se torna um herói com poderes provenientes de deuses mitológicos: uma força incrível, velocidade, controle de eletricidade e a capacidade de voar entre outros. Batson usa esses poderes para ajudar os outros e salvar o planeta, e torna praticamente sua profissão, também se dedicando a narrar suas próprias aventuras em uma estação de rádio, sem revelar sua identidade.
Ao receber uma carta de uma criança doente, decide passar alguns dias com os internos de um hospital infantil, Shazam descobre o seu poder mais valioso: a esperança que as crianças sentem em seguir e continuar vivendo em um mundo que está melhorando graças às suas façanhas. Uma luz que os orienta para a cura e que serve de reflexão para o próprio herói, ao perceber que não pode consertar tudo e nem salvar a todos, mas que pode continuar trazendo esperança para o mundo.
Paul Dini, faz de seus personagens exemplos de valores e aqui mais uma vez traz o tipo de história que te conquista, mesmo quando prevemos o resultado. É o mais básico dos contos morais, que é apropriado para um personagem ingênuo como o Shazam, outrora Capitão Marvel. A prosa não é excessiva, pois Dini quer deixar a arte contar a maior parte da história.
E é Alex Ross que desponta inteiramente responsável, como normalmente faz em suas obras. Repete os esquemas das obras anteriores, com o mesmo estilo fotorrealista que o caracteriza, cheio de páginas espetaculares . Surpreende sua habilidade de desenhar cada personagem totalmente e absolutamente diferente do resto, e com todas as nuances e detalhes nas roupas, os gestos e os planos de fundo.
A narrativa segue o texto de Dini, entretanto há uma forma diferente de leitura,que pode ser feita apenas seguindo o rosto do herói de uma página para outra. Desafiamos fazer isso, leiam usando nada mais que o rosto do Shazam. Funciona de uma maneira que só o tempo nos mostra o que Alex Ross é capaz. Um bom exemplo: numa página enquanto ele está diante do mago, em um momento comovente, vemos o rosto de um adulto, e ainda assim o menino está ali claramente. É o cerne da história, e nunca teria funcionado se Ross não tivesse sido capaz de executá-la tão perfeitamente.
Assim, a dupla mais uma vez brilha para nos dar uma história altamente recomendada sobre Shazam, com um design clássico, como também é a história, que reúne o melhor do personagem esteticamente e simbolicamente.