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Céus em Chamas: O Motoqueiro Fantasma além de Garth Ennis

Quando se fala de Motoqueiro Fantasma, a necessidade em citar o arco O Espírito da Vingança, de Garth Ennis, se faz quase obrigatória. De fato, o autor norte-irlandês parece ter o dom para escrever boas histórias sobre personagens secundários da Casa das Idéias – vide suas excelentes passagens por Justiceiro e Thor. Entretanto, este artigo tem por finalidade apresentar outra mini-série interessante deste personagem infernal, menos brilhante, mas nem por isso indigno de menção.

Assim como a canção do KISS, a história em questão se intitula, do original, Heaven’s on Fire (finalizada em 3 de fevereiro de 2010). E é exatamente o que propõe: Um incêndio criativo que se espalha pelas páginas da revista; que utiliza personagens ricos em tridimensionalidade e domina a trama com maestria – movimento que se estende rumo ao seu desfecho épico. O argumento é de Jason Aaron, com arte de Roland Boschi.

O Motoqueiro Fantasma, um espírito brutal cujo objetivo é a vingança contra os praticantes do mal, foi a maldição que Johnny Blaze recebera em troca da salvação de seu pai adotivo, Crash Simpson. O que Blaze não sabia até então, após anos como serviçal do Céu e do Inferno, é que o Motoqueiro Fantasma é, na verdade, uma arma celestial ligada a ele pelo anjo renegado Zadkiel. Seu irmão, Danny Ketch, após também ter sido enganado por este anjo, roubou para si o poder de todos os outros Cavaleiros Fantasmas do mundo. Zadkiel usou este poder para invadir o paraíso, no mesmo momento em que os irmãos seguiram rumos opostos. Ambos possuem a consciência de que o mundo não existirá por muito tempo, já que Zadkiel está perto de assumir o poder supremo sobre toda a criação. Agora, a única escolha de Johnny parece ser a perseguição implacável por um caminho que o leve até o Céu. Esta é toda a premissa que cerca Heaven’s on Fire.

Durante as seis edições que compõem esta mini-série, Blaze, com a ajuda da irmã Sara – a última dos Zeladores -, sai em busca de Zadkiel. Logo no primeiro volume descobre-se que o plano do anjo era matar o anticristo – personificado no corpo de um jovem. Ao matá-lo, Zadkiel seria capaz de recontar o Apocalipse à seu modo.

A edição um nos revela o local exato onde o anticristo foi concebido. No primeiro quadro, um senhor clama por ajuda, pois anjos haviam invadido o lugar, e o anticristo, escapado. Infelizmente, o homem foi tolo o suficiente para pedir ajuda à Daimon Hellstorm, o filho de Satan. Hellstorm, após ter a certeza de que os homens haviam criado o anticristo, fica irado, e promete encontrar o rapaz apenas para que o mesmo morra em suas mãos. Logo os enviados de Zadkiel e Hellstorm saem em busca do jovem filho do Diabo – que em apenas duas semanas já era um alto executivo de uma multinacional; ao mesmo passo em que Blaze tenta subir aos céus.

 

Zadkiel encontra Blaze e Danny

Como fica claro, Aaron propõe uma jornada que possui ligação com a origem do personagem, tentando interpor um elo criativo anterior aos 39 anos de histórias do Motoqueiro. Além de utilizar o excelente Daimon Hellstorm, o roteiro traz de volta um personagem criado por Warren Ellis para Hellstorm: Prince of Lies (1994), a terrorista oculta Jaine Cutter. A interação de todos estes personagens é incrivelmente dinâmica, fazendo com que suas reações aos constantes plot twists do roteiro sejam críveis e dignas da história de cada um. Somado ao tom épico de urgência do enredo, vemos ainda muita ação (toda a ação pode ser resumida em uma batalha travada entre demônios e freiras munidas de armas de fogo, vista já na última edição) com pitadas de sarcasmo no diálogo de certos personagens, o que curiosamente lembra muito o jeito Garth Ennis de escrever.

Os desenhos de Boschi são muito bem aplicáveis à proposta do argumento. Seu ponto forte talvez esteja no visual de Hellstorm, onde acontece a mesclagem de elementos humanos com características demoníacas, compondo uma aparência assustadora, imponente e, porque não, característica. O trabalho de cores feito por Dan Brown também merece destaque. Brown obviamente abusa na escolha de uma paleta de cores quentes, onde cada cena possui um tom dominante, geralmente orquestrada em torno dos efeitos de fogo – deveras constante nesta obra.

 

Se você busca uma boa história sobre o Motoqueiro Fantasma ou apenas tenta fugir dos personagens mais populares da Marvel, Heaven’s on Fire tem uma grande probabilidade de te agradar. Mas se prepare, pois a narrativa é um tanto… digamos, perturbadora.

[xrr rating=4/5]

 

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Comentários 2
  1. Só uma questão. Thor, secundário na Marvel? Creio que não. Ora, o arco Thor:vikings de Garth Ennis está longe de ser bom. Um enredo forçado para justificar uma destruição escatológica bem ao gosto do roteirista, mas que não combina com os elementos do universo de Thor.

  2. To com o álvaro nessa, há muito tempo que essa dicotomia de Homem Aranha e X-men já acabou na Marvel. Desde os New Avengers de bendis e todas as dezenas de sagas envolvendo os vingadores desde então (como Civil War, Secret Invasion e SIege) as revistas deles é que se tornaram as mais vendidas na Marvel (exceto por aquela do Homem Aranha com o Obama na capa). A própria grande saga deste ano tem em Thor seu protagonista, por isso acho difícil pensá-lo com um personagem secundário.

    Não tem como negar que os grandes protagonistas do Universo Marvel tem sido o Trio de vingadores e os demais membros destas equipes…

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