Ambrosia Acervo Ligeiro Amargor, elogiada graphic novel africana que usa a história do chá para falar de lutas e superações.
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Ligeiro Amargor, elogiada graphic novel africana que usa a história do chá para falar de lutas e superações.

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Quadrinhos africanos raramente são publicados no Brasil; então podemos ficar felizes com a publicação de Ligeiro Amargor: uma história do Chá (Légère amertume – une histoire du thé). A primeira narrativa gráfica do continente africano; publicada pela editora Skript. A editora pretende trazer mais quadrinhos do continente africano ao Brasil, como explica no posfácio o editor e pesquisador de HQs Márcio dos Santos Rodrigues.

Em Ligeiro Amargor: uma História do Chá vemos a evolução e transporte do produto que hoje está, literalmente, no gosto popular. E acompanhamos todos os conflitos, problemas e prazeres em torno de sua trajetória. Com arte do marfinês Koffi Roger N’Guessan e dos roteiristas Elanni e Djaï, a narrativa gráfica reconta a trajetória história do chá até chegar na África; com tradução de Maria Emília Palha Faria e edição e adaptação do  especialista em quadrinhos e pesquisador no campo dos Estudos africanos, o professor Marcio Rodrigues.

Análise

No deserto, os tuaregues sempre bebem três copos de chá de menta. Como um povo nômade, eles têm um ditado em relação ao chá, a primeira bebida é “tão forte quanto a vida“; a segunda, “tão amarga quanto o amor“, e a terceira, “tão suave quanto a morte“.

A partir desse dito popular, o roteiro da HQ guia os seus três capítulos. Forte, amargo e doce são as três partes da vida da protagonista Adjoua. Abidjan,Costa do Marfilm, 1954 – Freetown, Serra Leoa, 1983 – Beijing, China, 2019 são os três momentos da vida da personagem retratados; três datas decisivas na vida de Adjoua. Desde a descoberta da origem do chá no Marrocos até a degustação do chá de acordo com o método tipicamente chinês denominado “Gong fu cha”, passando

Como a história em quadrinhos tem apenas 76 páginas, os autores não se demoram muito em trazer um roteiro mais amplo, mas sim a história do chá de maneira sensível. Com uma narrativa simples, que se mescla com o passado e presente; a protagonista segue um fio condutor, cuja essência é abordagem do tema.

Sem spoilers, temos na primeira parte, sua infância, quando a mãe de Adjoua lhe acalma com a história de um bule de chá; enquanto na terceira parte, idosa, está na China, já aposentada, onde descobre um pouco mais sobre a origem do chá e situações do cotidiano do país. Mas o capítulo mais interessante, é quando Adjoua, trabalha como repórter, em  Freetown. Ela se infiltra em uma mina de diamantes que o governo está tentando esconder e descobre o que não deveria.

Uma jornada curta entre os continentes africano, europeu e asiático nas pegadas do chá. Um documentário dedicado à cultura do chá na África como bônus da história em quadrinhos; instrutiva, explica a diferença entre chá e infusão, antes da popularização do termo. Você sabia que em 1754 a mercadoria mais cobiçada era o chá? Você sabia que para colocar as mãos no chá, os ingleses decidiram desenvolver o comércio de ópio na China? Essas perguntas são respondidas ao longo de suas páginas.

A colorização escolhida lembra muito as ilustrações dos informativos antigos, mas bem coloridas, com planos bem variados, as páginas não ficam sobrecarregadas. Ligeiro amargor é uma amostra como a África também é fértil na produção de HQs, o que esperamos chegar mais títulos ao Brasil.  Vale a leitura, com um bom chá.

Nota: Ótimo – 3.5 de 5 estrelas

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