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Thor: Vikings, um deslumbre cruel e violento da mente de Garth Ennis

Garth Ennis odeia os super-heróis. Uma opinião que qualquer um que não conheça com um mínimo de profundidade pode dizer sobre a carreira do escritor irlandês. Trato disso não só pelo que fez em The Pro ou na The Boys  onde os personagens heroicos são desconstruídos, se revelando verdadeiros vilões, uma série de paródias a grupos como os X-Men e a Liga da Justiça, como também nas poucas vezes que um personagem icônico do universo super-heroico chega as suas mãos para deixá-los em evidência e diferente do que eles são.
Como no seu arco, The Coming of The Thousand, para a série Tangled of Web temos um Homem-Aranha passando por momentos que levam a sua infância e as brincadeiras cruéis de seus colegas e um colega que descobre seu segredo e tenta repetir a experiência, mas algo dá errado.  Ou na primeira etapa que fez com o Justiceiro deixasse os demais personagens da Marvel sem respostas às ações do anti-herói, além do especial Justiceiro Mata o Universo Marvel. Dentro da Casa das Ideias e no selo MAX, especializado em obras para leitores adultos, no qual Ennis ofereceu o melhor retrato jamais visto de Frank Castle, também deu seu olhar com o Deus do Trovão e de uma forma que o filho de Odin não esperasse.

Thor Vikings, que a Panini lançou ano passado, é uma minissérie de cinco números que Ennis coloco o deus nórdico numa de suas batalhas mais difíceis, onde o roteirista o humor negro, a ironia e a violência mais politicamente incorreta, apresentando como o resultado de um dos títulos mais excessivos como geniais para com o universo super-heroico.
Thor Vikings abre com um aldeã com a face deformada por socos e golpes, jogada no solo, sendo pisoteada por Harald Jaekelson, o coprotagonista da obra e principal rival de Thor. Desta maneira Garth Ennis e Glenn Fabry jogam as cartas na mesa para não haver engano. O título é uma narrativa made in Ennis que não faz prisioneiros perante sua crueldade, brutalidade e selvageria e cuja principal missão é desmitificar e fazer cair do pedestral seu protagonista de uma maneira nunca visto antes.
Em um cenário que se inicia no século XI a narrativa segue os passos do já mencionado Harald junto a seus companheiros saqueando e destruindo uma aldeia para abandona-la a sua sorte, mas não esperavam a maldição do Sábio da vila que conjurou a vagarem pelo sempre sem nunca encontrar a próxima terra que espoliar. Assim chegam a Nova Iorque do início do século XXI zumbificados para semear o caos e a destruição. Só o Deus do Trovão fará frente às hordas de Jaekelson, mas não esperava tantos reveses e contando com a ajuda do Doutor Estranho e de aliados insólitos enfrentarão os bárbaros com muito sangue e violência.
Enquanto a estrutura parece a de qualquer outra história protagonizada por Thor é o tom impresso pelo autor de Crossed que dá uma peculiar personalidade a Thor Vikings. O trabalho de Garth é estruturado utilizando a ironia, a alegoria e a hipérbole nos diálogos, com uma linguagem suja e visceral que choca. Ennis brinca com Thor com sua própria aparência, aproveitando sua maneira peculiar de falar e fazendo-o cair derrotado nas mãos de seu inimigo até o ponto de zombar com o último desde o primeiro momento.
Parece que a principal missão de Garth Ennis seja utilizar a selvageria dos vikings para destruir pela violência e sadismo, uma vez mais, o que representa o Universo Marvel e que neste título marca como uma matança de civis tão explícito que foi editado dentro do selo MAX.
Ennis deixa claro, nem Thor sozinho ou com a ajuda mística de Strange, nem Os Vingadores reunidos (em participação bem rápida de um só quadro) conseguem vencer a horda que assedia Nova Iorque. E o louro recorre a guerreiros do passado para a singular guerra, que compartilham linhagem com o mesmo cara que conjurou a maldição: a amazona Sigfrid, o cavaleiro teutônico Magnus e o piloto do exército nazi Erik Lonnorth. E com esses três personagens, Ennis dentro de seu ideário aborda 3 temas ‘ídolos’ de sua veia  como as mulheres guerreiras que amedrontam a qualquer homem, a crítica ácida e irreverente contra o cristianismo e a reivindicação dos anti-heróis adscritos à Segunda Guerra Mundial.

Conhecido pelo seu excelente trabalho como capista (a que devemos as magníficas da série Preacher, outra obra de seu amigo, Garth) o britânico Glenn Fabry (Juiz DreddSláineTharg’s Future Shocks) em Thor: Vikings não consegue explorar ao máximo o detalhismo meticuloso que é o mais significativo identificador de seu estilo. Mas com as magníficas cores de Paul Monts, não tem problema de elaborar uma arte sensivelmente excepcional para Thor: Vikings.
Fabry possivelmente seja um dos ilustradores que de maneira mais macabra e explícita elabore paisagens gore que somado a mente de Garth Ennis venham surpreender com cenas repleta de hemoglobina e vísceras. Como a splash page mostrando um cidadão nova-iorquino preso em um poste de sinalização com os intestinos a mostra ou uma outra cena que vemos a cabeça dos marines dos EUA cravadas em estacas na Quinta Avenida. O detalhismo que desenha seus personagens, a perícia com que retrata as localizações reais de New York e a boa química que tem com o roteirista consegue fazer de Thor: Vikings um boa narrativa gráfica.

A edição da Panini tem capa dura, um capricho, em um volume único, para esta violenta, wagneriana e bárbara fera artesanal desses dois britânicos.

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