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A primeira edição da nova HQ de D&D

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A alguns meses foi anunciado que a Wizards of the Coast e a IDW Publishing (30 Dias de Noite) iriam trabalhar em conjunto para produzir uma nova série em quadrinhos de D&D. A proposta inicial é fazer uma série com elementos mais genéricos e centrada na cidade de Fallcrest e seus arredores (a região apresentada nos livros básicos). Em 2011 será lançada uma nova série centrada em Dark Sun e existe um projeto para uma série em Forgotten Realms.

Finalmente saiu nesse mês a primeira edição e consegui ler. Está melhor que eu esperava, apesar de não ser nada genial. O autor prefere usar muitos elementos clássicos do D&D, a medida que vai adaptando alguns das novidades da edição atual, como os draconatos e tieflings tendo uma presença maior no mundo.

A história inicia com um grupo de aventureiros numa taverna. Tendo acabado de retornar de uma aventura, eles discutem amenidades enquanto seu líder cuida das implicações legais de incluir mais um membro no grupo. Adric (guerreiro), Bree Three-Hands (ladina halfling), Khal Khalundurrin (paladino de Moradin), Varis (elfo, provavelmente ranger) e a nova participante, Tisha Swornheart (tiefling warlock). Aqui é possível ver como é mantido o tom mais genérico, com o início de uma certa rivalidade entre o elfo e anão que se estende ao longo da revista. Mesmo sendo algo comum e nada inovador, o tom de humor que é usado nesses momentos torna a situação divertida. E essa parece ser uma preocupação do autor ao longo da história. Dar um tom de humor entre uma cena e outra, como forma de mostrar que os personagens possuem personalidades e interesses próprios.

A caracterização dos personagens é suficientemente tradicional para ser facilmente reconhecível (o anão de atitude superior, a halfling de mãos leves, o combatente humano e líder do grupo) ao mesmo tempo que dá a entender que existe um pouco mais por baixo dessa fachada. Logo nas primeiras páginas, é mostrado que que Aldric pode ter sido um pirata e que Khal tem alguma história de amor mal resolvida.

Desse início na taverna a história avança para um ataque de zumbis, que logo se mostra algo mais complicado do que a situação inicial parecia. Os personagens acabam sendo acusados de um crime que não cometeram e no processo de tentarem provar sua inocência, se envolvem com um portal para Shadowfell (Pendor das Sombras, em português).

No meio desse enredo o autor já vai aproveitando para incluir mais algumas explicações sobre o mundo. Como uma simplificação do funcionamento dos planos, a ameaça da contaminação pelas sombras, o preconceito contra os tieflings e a relação competitiva entre os warlocks e os magos. São detalhes pequenos e que vão ajudando a entender melhor o mundo onde a aventura ocorre.

E isso, claro, é muito bom para um dos públicos-alvo dessas novas HQs: os iniciantes no RPG. O enredo é simples o suficiente para ser entendido por qualquer um que tenha algum conhecimento de fantasia medieval (mesmo que ela se limite a videogames e filmes) e capaz de despertar o interesse por aprender mais. A revista termina com uma ficha de personagem (o líder do grupo) e uma mini-aventura para os dois primeiros níveis de personagem. Essa aventura é outro detalhe interessante da revista.

Ela recria, com algumas simplificações, os eventos narrados na história. Os combates são descritos usando as regras do jogo, incluindo mapas das áreas onde ocorrem. Alguns NPCs que nem aparecem na revistinha são descritos para permitir algum tempo de roleplay. A coisa toda é uma aventura bem simples, rápida e claramente voltada para quem nunca jogou um RPG e quer começar com D&D.

Outra coisa que chama a atenção (e que reforça a idéia que um dos objetivos da revista é atrair novos jogadores) é que o texto introdutório da aventura não aconselha a comprar os três livros básicos do D&D. Em vez disso, ele aconselha que os mestres adquiram a nova Caixa Vermelha ou o Dungeon´s Master Kit. Já para os jogadores, o conselho é comprar o Heroes of Falen Lands. Ou seja, a linha Essentials. O Dungeon´s Master Guide chega a ser citado como um dos lugares onde a cidade de Fallcrest é descrita.

Não esquecendo dos responsáveis pela revista, ela é escrita por John Rogers e desenhada por Andrea di Vito. Rogers já trabalhou escrevendo roteiros de cinema, é um dos criadores da série de televisão Leverage e do novo Besouro Azul (DC Comics). Di Vito já trabalhou na Marvel desenhando histórias do Thor e da série Annihilation.

Do que é mostrado na primeira edição, a história parece valer a pena acompanhar. Não é um novo clássico, não é algo que vai marcar a história do D&D. Mesmo assim, consegue ser divertida. O tom lembra uma aventura de D&D, as brincadeiras ao longo da história dão um tom de humor e é interessante ver um mundo de D&D num formato de histórias em quadrinhos. É o tipo de revista para ler sem muito compromisso.

Minha expectativa maior é pelas próximas séries. A série de Dark Sun principalmente, apesar de que tentarei ler a de Forgotten Realms também. E já é dado a entender no espaço para cartas da revista que existem planos para outras séries, entre elas uma no mundo de Eberron. E quanto mais séries e mais exposição do D&D, mais chance de novos jogadores se interessarem pelo jogo. E isso é ótimo para o nosso hobby.

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