O fim da Dragon e Dungeon Magazine?

Nos últimos dias uma série de notícias tem deixado os fãs de D&D preocupados. Primeiro, vários livros que estavam programados para serem lançados ao longo de 2011 desapareceram da lista de publicações da Wizards of the Coast. Alguns desses livros iriam atender demandas importantes ou indicavam mudanças para a linha.

O fim da Dragon e Dungeon Magazine? – AmbrosiaComo não havia comunicado oficial, somente a retirada da lista de próximos lançamentos, os fãs começaram a exigir explicações. Elas vieram na coluna Ampersand desse mês. Nela, Bill Slavicsek confirma a retirada de três livros da lista de publicações: Class Compendium: Heroes of Sword and Spell, Mordenkainen’s Magnificent Emporium e Hero Builder’s Handbook.

Algumas informações já haviam sido divulgadas sobre esses três livros e muito do material já parecia estar pronto para publicação. O Emporium iria trazer uma grande listagem de objetos mágicos, cobrindo tanto a falta de itens para certas classes e builds, quanto aumentar o número de itens mágicos comuns. O Hero Builder traria sistemas para aumentar a customização (como regras para ser um ferreiro ou marinheiro). E o Class Compendium traria regras atualizadas para diversas classes básicas, já em um formato mais próximo do Essentials.

Esse material deve aparecer em novos formatos, talvez como material do D&D Insider ao longo dos próximos meses. Já foi divulgado pela empresa que esse material será divulgado no futuro, ainda sem definir a forma.

O fim da Dragon e Dungeon Magazine? – AmbrosiaE não somente os livros foram cancelados. Lords of Madness será a última linha de miniaturas colecionáveis de D&D. Eles continuarão a disponibilizar miniaturas na forma de kits, como o Beholder Collector´s Set (caixa com quatro miniaturas específicas de beholders, sem fator aleatório) e através de seus jogos de tabuleiro (como Castle Ravenloft e Wrath of Ashardalon).

Quanto a linha de miniaturas, Chris Pramas (Green Ronin) fez uma análise das dificuldades que a linha sofreu desde seu lançamento, quando ele ainda trabalhava na WotC. Como explicado por ele, uma série de decisões ruins desde o início (como mudança de um modelo não colecionável para um modelo mais similar ao Mage Knight) acabaram por tornar as miniaturas cada vez menos rentáveis.

Elas chegaram a alcançar um bom número de vendas quando passaram a ser feitas com foco nos rpgistas e não como um jogo de miniaturas separado. Entretanto, a medida que os clientes foram acumulando cada vez mais miniaturas, as novas coleções começaram a vender menos. Pois a maioria dos rpgistas só vai comprar o suficiente para conseguir jogar suas sessões, sem se preocupar com o aspecto colecionável ou acumular mais miniaturas do que precisam.

Apesar de concordar com a maior parte da análise dele, quero relembrar um ponto interessante: apesar do abandono da linha de minis colecionáveis, a empresa vai continuar com o modelo de kits temáticos, oferecendo caixas com miniaturas já definidas. Isso parece demonstrar que produzir séries de miniaturas genéricas não é lucrativo (afinal, quantos orcs diferentes alguém vai precisar?), enquanto algumas figuras específicas e icônicas do jogo (como beholders e dragões) trazem retorno. Basta notar a agitação entre os fãs quando foi anunciado o lançamento de uma miniatura de Orcus (um dos demônios mais importantes na cosmologia do jogo) ano passado.

O fim da Dragon e Dungeon Magazine? – AmbrosiaPara preencher o espaço deixado pelas miniaturas, a Wizards já anunciou que irá utilizar dos tokens, pequenas fichas feitas em papelão. Elas serão disponibilizadas com outros materiais, como livros e a caixa The Shadowfell: Gloomwrought and Beyond.

Além da exclusão desses três livros da lista, também foi decidido que as revistas digitais Dragon Magazine e Dungeon Magazine não serão mais copiladas. Ou seja, não existirá uma versão digital reunindo todos os arquivos no formato de uma revista digital ao final de cada mês. Os artigos continuarão a ser disponibilizados em pdf de forma individual.

No modelo atual a Dragon e Dungeon Magazines são revistas virtuais disponibilizadas através do serviço Insider, oferecido pela Wizards of the Coast. A cada semana alguns artigos são disponibilizados para os assinantes, que podem baixar pdfs das matérias para ler. No final do mês, essas matérias são revisadas e compiladas num único arquivo, formando a versão digital das duas revistas (e seguindo, na maior parte, a estrutura de uma revista física comum).

O abandono das compilações significa que tanto a Dragon e Dungeon se tornam somente uma classificação para os artigos disponibilizados no serviço Insider. Material voltado para os jogadores (novos feats, builds, etc.) serão catalogados com o ‘selo’ Dragon, enquanto o material voltado para os mestres (aventuras, monstros, etc.) serão catalogados com o ‘selo’ Dungeon. Na prática não é muito diferente do que acontece atualmente, mas essa mudança está causando revolta em muitos jogadores antigos, que encaram isso como o fim das duas revistas.

Além disso, com a exclusão da compilação os materiais disponibilizados na Dragon e Dungeon não precisam mais seguir o modelo de artigos de revistas, podendo ser oferecidos sem preocupações com formatações padronizadas ou total de páginas da copilação final.

O fim da Dragon e Dungeon Magazine? – AmbrosiaEm conjunto com esses anúncios, foram divulgadas mais duas informações quanto ao material disponibilizado digitalmente. Primeiro, como comentado por Steve Winter na sua página na comunidade da WotC, os artigos estão recebendo mais atenção por parte dos responsáveis do jogo. São dois os motivos: diminuir o número de erratas e aproximar mais o material sendo produzido das intenções dos designers em relação ao futuro do jogo. Isso está relacionado com uma maior preocupação com o que é oferecido através do Insider, tentando aumentar a qualidade do produto final.

A outra notícia é que passará a ser oferecido um número maior de colunas, algumas seguindo um modelo semanal. Algumas já foram anunciadas. A primeira, Legends & Lore será uma coluna escrita por Mike Mearls, onde ele irá tratar sobre teoria de jogos. A segunda, The Dungeon Master Experience será escrita por Chris Perkins e irá tratar sobre dicas e ganchos para os mestres. Talvez para atender os pedidos de mais transparência quanto ao que está sendo desenvolvido, a coluna Design & Development passará a ser semanal e terá autores variados, de acordo com o assunto tratado no dia. E Rule-of-Three servirá para tirar dúvidas de jogadores, consultando diretamente com o time de desenvolvimento do jogo. Existe ainda uma quinta coluna a ser anunciada.

Essas notícias estão provocando muita discussão entre grandes fóruns internacionais. O que essa diminuição no número de livros publicados neste ano representa para a WotC está sendo avaliado de diversas formas, na sua maioria negativamente. Afinal, com esse anúncio o número de livros a serem publicados na linha D&D até metade desse ano cairá para três: Monster Vault: Threats to the Nentir Vale, The Shadowfell: Gloomwrought and Beyond e Heroes of Shadow. Existem outros produtos relacionados a linha, entretanto eles são unicamente acessórios (como dois novos sets de Dungeon Tiles).

Isso tudo me dá duas impressões diferentes. A primeira e mais pessimista, é que o Essentials não rendeu o esperado e a Hasbro (companhia-mãe da WotC) finalmente resolveu interferir e exigir resultados. O que pode ser desastroso, já que a Wizards já vinha tomando algumas decisões ruins nos últimos meses e a interferência de gerência superior que não tem conhecimento do funcionamento do mercado, tende a piorar a situação. Nessa análise, decisões de cancelar livros ou a linha de miniaturas poderiam ser vistas como diminuição de custos, por parte de algum gerente tentando demonstrar que está implantando mudanças numa linha com problemas.

O fim da Dragon e Dungeon Magazine? – AmbrosiaA segunda impressão, mais moderada, é que a WotC finalmente vai entrar de vez no modelo digital. Apesar de todas as reclamações, as informações não-oficiais são que o número de assinaturas do D&D Insider subiu nos últimos meses. Como eu argumento faz muito tempo, um modelo de assinatura de serviços é mais interessante para uma empresa de rpg do que a venda de livros. Um assinante paga pelo conjunto de material recebido, antecipadamente, mesmo que entre os diversos itens do pacote, existam matérias que não são de interesse do comprador. Já no caso de livros, é mais fácil escolher quais livros e acessórios são de interesse do cliente, eliminando da lista de compra o que não for desejável.

Ou seja, um assinante garante uma renda constante e mensal, enquanto publicações físicas tem variação de retorno que dependem mais da disponibilidade de compra e interesse para o cliente. Investir num modelo de serviços digitais, incentivando a aquisição do Insider, garantiria um retorno constante a empresa. Mesmo quando novos livros não são publicados ou eles despertam menos interesse do que o esperado.

Não que a WotC esteja abandonando a produção de material impresso. Ela só estaria deixando de vender livros isolados, preferindo outro modelo para os produtos físicos. Olhando o material que ainda vai ser publicado é possível notar que dos três produtos, duas são caixas que além dos livros possuem acessórios para aumentar o interesse de compra. Enquanto livros são facilmente copiados e distribuídos ilegalmente, caixas com tokens, mapas e outros acessórios dificultam a pirataria.

Caso essa impressão seja a correta, isso indicaria que a WotC passará a oferecer mais material em formatos digitais, preferindo oferecer produtos físicos somente quanto puder adicionar algum valor extra que dificulte cópias não-autorizadas. O que explicaria a tentativa de aumentar o valor percebido dos serviços digitais da WotC (Insider), a diminuição do número de livros e a preferência por vender kits que contenham livros e acessórios.

Uma definição melhor sobre a situação deve ocorrer no final do mês. A partir de 27 de janeiro ocorre a D&D Experience, evento da WotC para promover a linha D&D. Entre as várias atrações, haverá preview dos novos produtos da empresa para os próximos meses. E, como esperam os fãs, uma explicação concreta sobre o que está acontecendo com o Dungeons & Dragons.

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