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O legado de The Big Bang Theory

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Depois de 12 anos e 279 episódios, a série The Big Bang Theory se despediu. Isso equivale a quase 140 horas de comédia e um legado gigante, entre prêmios, fama, produtos licenciados diversos e influências na cultura pop.

Para os fãs e para a cultura pop, ficam momentos e detalhes icônicos como a expressão “Bazinga” e a canção “Soft Kitty”. Fica a voz estridente da falecida senhora Wolowitz. Fica o jogo de pedra-papel-tesoura-lagarto-Spock. Fica a banda Thor and Doctor Jones. Ficam todas as piadas sobre geologia. Fica a fictícia websérie “Fun with Flags”.

Ficam os estilos tão diferentes dos personagens: a calça cargo e a sobreposição de camisetas de Sheldon, as calças apertadas e os cintos com fivelas decoradas de Howard, os capuzes de Leonard, os coletes e pulôveres de Raj. Fica cada participação especial, e foram muitas: Stephen Hawking, Bob Newhart, Adam West, James Earl Jones, Mark Hamill, Carrie Fisher, Will Wheaton, Bill Gates e tantos outros.

Para a ciência, ficam outros legados, como a abelha brasileira que recebeu o nome científico de Euglossa bazinga por enganar os pesquisadores. Desde o início da série, as matrículas em cursos de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharias e Matemática) nas universidades norte-americanas só crescem – porque The Big Bang Theory mostrou que ser nerd poder ser bacana, e que trabalhar com pesquisa também é emocionante. Mais do que isso, a série também ajudou a popularizar os gostos geeks por colecionismo, revistas em quadrinhos, videogames e filmes de super-heróis – hoje ninguém mais tem vergonha de dizer que gosta destas coisas.

The Big Bang Theory foi uma parte importante, quiçá a mais importante, da minha adolescência e do começo da minha idade adulta. Com ela, eu me diverti, esqueci os dias ruins, aprendi mais sobre mim mesma e sobre várias ciências. Eu adotei frases para minha vida e me vi em muitas situações com os personagens, pois até então os nerds eram apenas os esquisitões da televisão, e nunca os protagonistas. Eu não vi o começo e o fim de outras séries icônicas como I Love Lucy, Cheers e Seinfeld, e só me interessei por Friends depois que ela já havia acabado. Mas posso dizer que acompanhei começo, meio e fim de The Big Bang Theory.

Aos poucos, a série começou a focar mais nos relacionamentos entre os personagens – em especial os relacionamentos amorosos – do que nas excentricidades do quarteto nerd principal. Eu entendo que isso é uma decisão para aproximar os personagens do público, e em particular atrair mais o público feminino. De início, isso me desagradou, mas eu compreendi: os personagens estavam mudando, se desenvolvendo, e eu também estava, mas minha mudança era diferente da mudança deles – mas não por isso menos válida. Os episódios pareciam ficar mais curtos e menos nerds, mas nem por isso eu deixava de acompanhá-los.

As mudanças, entretanto, tiveram também seu lado positivo. O show ficou mais equilibrado com relação a personagens femininas e masculinas. Mais do que isso: tivemos a adição de Bernadette, que foi de garçonete da Cheesecake Factory a doutora e detentora de um cargo de chefia na indústria farmacêutica, mostrando que nem todo cientista precisa trabalhar em laboratório. E Amy, que até no final da série reforçou que meninas e mulheres também podem e devem se interessar por carreiras na ciência.

Ao mesmo passo que The Big Bang Theory conseguiu milhões de fãs, que viam todas as semanas o episódio, a série conseguiu também um número expressivo de haters, que não conseguiram, contudo, apagar as conquistas da produção: quatro Emmys de Melhor Ator em Série de Comédia para Jim Parsons, e o fato de The Big Bang Theory ser a sitcom multicâmera mais longa da história. Mais do que isso: os recordes de audiência estão aí para provar a popularidade da série que teve seu último episódio duplo assistido por mais de 18 milhões de espectadores só na exibição ao vivo nos EUA – para se ter uma ideia, a finale de Game of Thrones teve apenas 13 milhões de espectadores ao vivo.

Junto com os últimos episódios foi exibido o especial Desvendando o Mistério: Tudo Começou com o Big Bang (no original: Unraveling the Mystery: It All Started with the Big Bang), em que os atores Kaley Cuoco e Johnny Galecki apresentam os bastidores da série, os estúdios e os segredos das gravações, ao mesmo tempo em que dividem algumas de suas memórias com o público. Por falar em estúdio, o local de 12 anos de gravação da série foi rebatizado como The Big Bang Theory Stage, sendo apenas o quinto estúdio do lote da Warner a ser rebatizado com o nome de alguma atração.

Mas não ficaremos órfãos: Young Sheldon continua por pelo menos mais duas temporadas. Chuck Lorre diz que vem pensando em outros spin-offs para a série. E, para The Big Bang Theory, nós sempre teremos reprises.

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