De 29 a 31 de julho, o Teatro Flávio Império recebe uma curta temporada do espetáculo A Milionária. Com três apresentações gratuitas, a montagem da Cia Círculo de Atores encerra uma pequena circulação por teatros da cidade, iniciada em junho.
A Milionária começa com Epifânia, uma das mulheres mais ricas da Europa, reunindo-se com seu advogado para discutir a possibilidade de seu provável suicídio. Pretende deixar, como forma de punição por infidelidade, toda a sua fortuna para seu marido. Seu casamento fora resultado de um desafio. Seu finado pai, por quem Epifânia tem fixação assumidamente edipiana, impôs uma condição: para se casar com ela, o marido deveria receber uma quantia inicial razoável e, em seis meses, transformá-la em uma fortuna.
O marido, boxeador e esportista, vence o desafio através de manobras financeiras e – ironia suprema – pela produção de uma peça teatral. Apesar disto, Epifânia desinteressa-se por ele. Após jogar escada abaixo um amigo que ofendera seu pai, ela encontra um médico egípcio e muçulmano, filho de uma lavadeira, por quem se apaixona. Para sua surpresa, ao propor casamento ao médico, é informada que sua humilde mãe também impôs um desafio como condição à mulher que desejasse desposá-lo: a pretendente deveria receber uma quantia miserável e sobreviver, unicamente através do seu trabalho, durante seis meses. Só assim seria merecedora da mão do filho. Ao aceitar o desafio, Epifânia começa um movimento irresistível, desvendando o modo de agir e pensar de sua classe social, poucas vezes retratada em cena.
A Milionária pode ser definida como uma farsa didática sobre poder e dinheiro. Shaw já havia se ocupado de maneira aguda destes temas em Major Bárbara (1905) e Pigmalião (1912). Num cruzamento histórico dramático – que com a Segunda Guerra viria a se tornar trágico – Shaw levou quatro anos para escrever o texto, finalizando o trabalho aos quase 80 anos de idade, em 1934. O texto de Shaw trata de temas muito atuais, como a concentração de renda (agravada exponencialmente pela pandemia) e a quase extinção dos direitos dos trabalhadores.
Serviço
Teatro Flávio Império
R. Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba
Temporada de 29 a 31 de julho
Sexta, sábado e domingo às 19h
ENTRADA GRATUITA
Distribuição dos ingressos uma hora antes de cada sessão
Debates após todas as sessões
Sessão com tradução em libras