Depois de muita badalação (da Fox, lógico) eis que foi ao ar no domingo, após a final do Superbowl (e sua acachapante audiência de mais de 100 milhões de espectadores) o episódio especial de GLEE. Espetacularização de produtos do audiovisual é uma especialidade dos americanos, não à toa ele dominam a chamada cultura POP e o programa musical da Fox se vale bem desse paradigma.
O episódio começou com uma espécie de crise de identidade da vilã (!!!) Sue Sylvester repensando as ambições de seu trabalho com as Cheerios. Ficou bem claro que esse é também o drama dos criadores da série que, após o alcance que Glee conquistou, precisa repensar os caminhos a trilhar. Haja vista que a primeira parte da segunda temporada já demonstrou cansaço da fórmula.
Naquilo que melhor sabe fazer, a produção dos números musicais, a série continua imbatível. O número do Thriller, clássico incontestável de Michael Jackson, foi realmente muito bom num interessante mashup com a enérgica Heads Will Roll. Todos devidamente paramentados como zumbi num clima dark em meio ao campo de jogos da escola. Aliás esse campo é responsável pelos números antológicos da série, como o inesquecível Single Ladies, da Beyonce.
Quanto a história, vimos uma reorganização dos interesses românticos dos adolescentes e no fim, um promissor acirramento do antagonismo com Sue, cada vez mais surtada.
Glee continua a ser uma enorme bobagem muito bem produzida. Realmente vem perdendo o viço inicial, o que é muito comum séries que atraem muita repercussão como o caso. O que se percebe é que aquela energia retórica (confrontando e zombando dos padrões comerciais e caricaturais da cultura americana) ficou na proposta e foi se perdendo na acomodação da história. Essas tentativas de oxigenação da série são válidas, mas não se mostram efetivas, uma vez que o episódio seguinte (sobre o dia dos namorados americano) foi um dos mais fracos e primários de toda a série.
É tempo de Ryan Murphy e sua equipe repensarem o cotidiano de sua criatura, para que Glee não se torne uma caricatura mal feita de si. Transformando seus status ordinário atual para algo realmente extraordinário.