Mad Men está acabando. E está levando consigo, talvez a melhor teledramaturgia feita no mundo hoje. A primeira parte de sua última temporada chegou ao fim (o outros 7 episódios derradeiros serão exibidos em 2015) de maneira tão exitosa, e promovendo uma verdadeira coesão na construção humana de seus personagens, que fico me perguntando se sua ficção é meramente uma idealização glamourosa, mas um tanto crua, das relações individuais numa sociedade em constante formação?
A sétima temporada da série de Matthew Weiner está marcando a reconstrução profissional de Don Drapper (John Hamm), em meio a uma auto análise pessoal que o tem feito se reinventar (com um certa dose de humilhação, palavra que parecia inexistir para Don). Essa primeira parte parece que foi feita para confrontar Don com as consequências de sua inadequação ao passado, fato muito bem desenvolvido na temporada passada.
O roteiro do fim se pautou na verdadeira luta do protagonista para reconquistar a confiança dos cabeças da agência e ter sua dignidade de volta. Mas nada em Mad Men é tão simples, do ponto de vista de narrativa. É um série desprovida de previsibilidades. Diante da polarização que se cria em torno da vida de Drapper na empresa, circunstâncias dramáticas fazem o jogo virar e o pragmatismo impera sobre a questão. Drapper parte então para uma outra reinvenção e assim, Mad Men acaba sendo uma história sobre os ciclos de um indivíduo frente ao tempo cíclico que a América sessentista vivia.
A ambientação ainda é um personagem bem sedutor nessa série. “Waterloo”, a season finale, paraleliza os eventos da trama com a mobilização social a cerca da chegada do homem à lua. Diferentes expectativas submergem diante da cena na tv, testemunhada por todos os personagens. Nessa submersão, Drapper é surpreendido pelo acaso. Sua filha demonstra que cresceu e aguçou sua percepção de seu DNA. Peggy (Elisabeth Moss) redescobre a sina que a fez chegar onde chegou, e assim os personagens vão fechando os ciclos de suas histórias. Continua tudo tão bem pensando e escrito, desafiando nossa letargia de expectadores. Mad Men ainda nem acabou, mas já está deixando órfão um veículo tão sucateado pela cretinice dramatúrgica…
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