As Tartarugas Ninja surgiram em 1984, no traço de Kevin Eastman e Peter Laird, pelos quadrinhos da Mirage Comics, mas foi na TV que se tornaram o grande fenômeno pop que conhecemos até hoje. Em 1986, a fabricante de brinquedos Playmates Toys se interessou em criar uma linha de brinquedos com os personagens, mas como o teor das HQs era sombrio e violento demais para crianças menores, eles sugeriram algumas mudanças com o objetivo de domesticar os quelônios selvagens.
Dentro desse espírito, a Playmates começou a produzir em 1987 um desenho animado dos personagens para a TV, que consistia em uma minissérie em cinco episódios. Em outubro de 1988 passou a ser produzida a série regular, exibida no tradicional horário destinado a animações infantis nos EUA, o sábado de manhã. Desta vez, com uma leva de treze episódios e produzida pela Murakami-Wolf-Swenson Film Productions Inc (posteriormente Fred Wolf Films).
Já que os personagens deveriam se tornar mais palatáveis ao gosto infantojuvenil, algumas alterações foram feitas: o humor era o tom predominante, as tartarugas passaram a ser devoradoras de pizza, estavam sempre de bom humor, jogando piadinhas o tempo todo, mesmo lutando contra os inimigos e usavam gírias de surfistas. Além disso, foram incluídos os vilões trapalhões Rocksteady e Beebop. Um dado curioso é que na Europa, mudaram o título Ninja Turtles para Hero Turtles, pois achavam que Ninja tinha conotação violenta. A origem de Mestre Splinter também sofreu alteração. Enquanto nas HQs ele era o rato de estimação de Hamato Yoshi, após ser atingido pelo mutagênico, e ainda tinha na memória toda a arte marcial que observava seu dono praticar. Na animação, Splinter era o próprio Hamato Yoshi, um mestre ninjtsu tranquilo, que amava a arte renascentista.
Ele tinha uma rivalidade de longa data com Oroku Saki, que sempre planejou derrubar Yoshi como líder do Clã do Pé. Quando um mestre sensei chegou, Saki plantou uma adaga no quimono de Yoshi, enquadrando-o em uma tentativa de assassinato. Desonrado, Yoshi foi excomungado pelo Clã e fugiu para Nova York, onde viveu como sem-teto nos esgotos. Tempos depois, um menino deixou caiu um aquário de tartarugas bebê por um bueiro. Yoshi encontrou e levantou-os como animais de estimação. Um dia, ele descobriu as tartarugas que rastejam em uma vasilha quebrada de um lodo roxo e brilhante e começou a limpá-las. Yoshi mais tarde percebeu que o lodo era um poderoso agente mutagênico, capaz de transformar qualquer forma de vida no animal que tocou por último. Como as tartarugas haviam tocado Yoshi, tornaram-se humanoides. Yoshi, no entanto, recentemente esteve em contato com os ratos, e, assim, tornou-se um rato mutante humanoide.
Em setembro de 1989 – ano em que começou a ser vista no Brasil pela Rede Globo no Xou da Xuxa – a série passou a ser exibida durante a semana e contava com 47 episódios: 28 exibidos em 89, e 13 foram ao ar no ano seguinte. À essa altura, os personagens já eram fenômeno pop. Estampavam lancheiras, mochilas, ganharam jogos de videogame em consoles e arcades e estavam prestes a virar filme. Claro que isso também atraiu produtores oportunistas que trataram de criar seus “genéricos” como “Biker Mice From Mars”, “Wild West C.O.W-Boys of Moo Mesa”, “Battletoads” (que protagonizaram uma série de video games quase tão popular quanto a das tartarugas), “Extreme Dinossaurs” e por aí foi.
Em setembro de 1990, mudava de canal, passava a ser exibido na CBS, com uma abertura diferente, até que em 1994 o programa teve reduzido o número de episódios por temporada para 8. Em 2 de novembro de 1996 chegava ao fim a “fase clássica” das Tartarugas Ninja, mas os quelônios estavam longe de se afastar da TV.
Os “produtos genéricos”
Em 96, foi produzida uma série anime em que as tartarugas tinham até um robô tartaruga gigante. Entre 1997 e 1998, ainda houve uma série live action, produzida pela mesma Saban Entertainment, responsável pelos Power Rangers, e esse padrão de exportação de séries sentai para o ocidente, com as cenas em que os heróis estão “à paisana” filmada nos EUA. Houve até um encontro dos heróis de casca com a equipe nipônica em um episódio.
A tartarugas retornaram em uma série animada produzida pela 4Kids Entertainment, que foi ao ar entre 2003 e 2009. Desta vez, a Mirage tinha um terço dos direitos sobre o programa e o cocriador Peter Laird participou de forma ativa na produção, o que resultou em uma série que estava muito mais próximo do original da HQ, mas ainda assim, leve o suficiente para o consumo do público infantil. Em 2009, foi produzido o longa de animação feito para a TV Turtles Forever, que encerrava a temporada na 4Kids e celebrava os 25 anos da franquia.
Laird, que detinha sozinho os direitos dos personagens desde 2000, quando Eastman lhe vendeu sua parte, repassou os direitos para a Viacom. Em 2012, através de sua subsidiária Nickelodeon, a Viacom levou ao ar uma nova série animada em CGI, dessa vez contando com estrelas fazendo as vozes dos personagens, como Jason Biggs na voz de Leonardo, Sean Astin como Raphael, Rob Paulsen (que dublou Raphael em 1988) na voz de Donatello. Greg Cripes, mais conhecido como Mutano em Teen Titans, como Michelangelo, e Mae Whitman de Parenthood e Scott Pilgrim fazendo a voz de April O’Neil. A quarta temporada da animação já está encomendada, mostrando que a franquia ainda está longe de perder o fôlego.
Na terceira parte do especial, falaremos sobre as Tartarugas Ninja no Cinema.
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