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“The Americans” e a tensão de ser América

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Homeland continua fazendo muito a TV americana. Além de ser um muito bem escrita e dirigida (mesmo com a polêmica segunda temporada), ainda gera frutos dentro de sua vocação de dramaturgia política que expõe a paranoia e o jogo de interesses da política interna e externa de seu país. O canal FX, braço da mesma FOX de 24 Horas, se atentou para o “movimento” e tirou do limbo The Americans, série ambientada na Guerra Fria no início dos anos 80, quando Ronald Reagan era presidente. Não, The Americans não é tão boa quanto Homeland. Mas, sim, é uma série inteligente, que trata a audiência como adultos.

Estrelada por Matthew Rhys (Brothers & sisters) e Keri Russel (nossa eterna Felicity), a história é criação do ex-agente da CIA, hoje roteirista, Joe Weisberg. Seus protagonistas, Phillip e Elizabeth, são agentes secretos russos treinados para viverem como cidadãos americanos típicos. Eles, sem sequer se conhecerem direito — são apresentados no momento em que chegam aos Estados Unidos, nos anos 60 — se casam. Como parte da missão, geram um casal de filhos americanos, constituindo assim uma família aparentemente normal, falando um inglês perfeito. Suas identidades verdadeiras são mantidas em segredo absoluto.

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É curioso que uma dramaturgia de espionagem passada nos anos 80 nos apresente como essa atividade se dava sem os aparatos tecnológicos tão necessários nos dias atuais. Mas a grande sacada da série é a sempre presente tensão que existe na vida desse casal, entrelaçada com a própria relação dos dois que passa pela passionalidade inevitável com o prognatismo de seus ofícios. Os primeiros episódios demoram a engrenar, mas a série vai crescendo muito ao longo da primeira temporada, com viradas importantes e até mesmo um conflito interno de uma das partes, que pode ser fatal para a missão nos EUA.

The Americans ainda tem muito o que explorar em sua já anunciada segunda temporada. E é importante ter em mente que sua história reflete um passado que justifica muito do presente norte americano. Fazendo essa assimilação e se deixando envolver pelo cotidiano de um casal que precisa lidar com a complexidade de sua própria identidade como pessoa física e jurídica, entende-se porque Homeland forjou uma auto crítica coletiva à uma nação.

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