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“A Arquitetura das Constelações” propõe (po)eticamente que aproximemos mais dos nossos entornos

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Imagine c(l)aro leitor, uma dona de casa pedindo para sua doméstica tirar uma poeira ali, em algum poema, na mesa, ou até no corpo da sua filha. Para quem habita o hábito da limpeza deve ser um suplício ter esta camada de tempo/envelhecimento sobre suas coisas afetivas. Mas no espaço outro, (não considerado) ou sideral temos corpos celestes que possuem poeira é que não estão nem aí para isso.

No livro Arquitetura das Constelações do poeta Maurício Duarte, pela Editora Patuá, o poeta utiliza do campo científico e da arte, estas junções entre materialidade do corpo e o sentido e suas excrecências. Vai em quatro módulos temáticos fazendo um trabalho semiótico de avaliar através da linguagem o macro e o micro com relação ao que é centro-núcleo e o que está em nós (no entorno) mas de certa forma, nos é pertencido.

E não há maior artesão do que Maurício para manejar a métrica do poema com extrema musicalidade, fazendo uma ciranda entre as quatros suítes com a ideia circular não só redonda, mas também fluitiva que se movimenta tal qual o fluxo de água numa correnteza. O poeta tem a hábil mão para ir para o micro e olhar com uma lupa estas distorções humanas, comportamentos, neuroses, até vista para a alteridade, como olhamos o que está ao nosso lado.

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