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Bolero: a Melodia Eterna

Boléro, un film d’Anne Fontaine, avec Raphaël Personnaz (Ravel), Doria Tillier (Misia), Jeanne Balibar (Ida Rubinstein), Emmanuelle Devos (Marguerite Long), Vincent Pérez (CIPA), Anne Alvaro (la mère de Ravel), Sophie Guillemin (Mme Revelot), Alexandre Tharaud (Lalo) - Christophe Beaucarne DOP
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Uma história cativante. Uma história de genialidade e excentricidade – que geralmente andam de mãos dadas. Uma história sobre uma melodia que com certeza você já escutou. Uma história real. Em suma, o tipo de história que precisa ser contada pelo cinema. Embarque nas aventuras e desventuras que levaram à composição do Bolero de Ravel, uma música que, a cada 15 minutos, é executada em algum canto do mundo.

Em 1927, a bailarina Ida Rubinstein (Jeanne Balibar) contrata o compositor de mediano sucesso Maurice Ravel (Raphaël Personnaz) para compor seu próximo balé. Seguem desventuras e dissabores – como a revelação da primeira obra que ele pensa adaptar, a “Iberia”, já ter seus direitos autorais vendidos – e também muita procrastinação, além de altercações com a musa inspiradora Misia (Doria Tillier), por quem Ravel nutre um amor correspondido, porém nunca consumado. Outras mulheres que o inspiram são a empregada Sra Revelot (Sophie Guillemin) e a amiga professora de piano Marguerite (Emmanuelle Devos).

Após a suada composição, vem mais um desafio para Ravel: agradar-se com a adaptação da melodia para o balé. Ele vê esta etapa como um uso indevido de sua obra, embora tenha concordado com isso, e acaba descobrindo que seu inesquecível bolero tem mais de sensualidade do que ele havia imaginado.

Logo no começo há uma pequena sequência mostrando a música como idioma universal. Estando em turnê pelos Estados Unidos, um dia Ravel se vê em uma festa conversando com uma cantora – ou ao menos tentando, já que aparentemente ele não fala inglês. Depois de responder à pergunta “onde você ficou em Chicago” com um “sim” e um sorriso amarelo, Ravel se distrai com o jazz tocado por um saxofonista. É na música que a mente de Ravel sempre esteve.

Outro assunto interessante abordado é a necessidade de ganhar a vida entrando em confronto com a liberdade criativa. Todos que trabalham nas artes, seja por exemplo compondo ou escrevendo, acabam um dia se deparando com este dilema. Já mais velho, Ravel lamenta ter aceitado tantas encomendas para sobreviver, compondo “13 minutos para um, 20 minutos para outro” e deixando de lado peças mais autorais. O próprio bolero que o imortalizou saiu de uma encomenda, então talvez a criatividade siga fluindo independente do motivo de ser da peça.

Há um bom uso de flashbacks. Primeiro somos levados a um fracasso de Ravel frente aos juízes do conservatório, em 1903, e descobrimos que a primeira de suas musas inspiradoras e apoiadoras foi sua mãe. Depois vamos ao auge da Primeira Guerra Mundial, em 1916, na qual Ravel serviu no batalhão sanitário, afinal, alguém tinha que limpar toda aquela sujeira dos hospitais improvisados e abarrotados. Um terceiro flashback nos leva para pouco tempo antes, quando Misia e Ravel dividem um táxi e algumas confidências.

Ao final, e isso não é spoiler, Maurice Ravel compôs uma melodia de um minuto que se repetia 17 vezes para dar o tempo acordado com Rubinstein. Mais do que contar a história de um gênio, talvez seja este o objetivo de “Bolero: a Melodia Eterna”: nos dizer que o segredo está na simplicidade.

Bolero: a Melodia Eterna

Bolero: a Melodia Eterna
8 10 0 1
Nota: 8/10 Excelente
Nota: 8/10 Excelente
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