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Boquinha… E assim surgiu o mundo…, com texto de Lázaro Ramos, agrada a adultos e crianças

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O terceiro texto dramatúrgico de Lázaro Ramos, que também assina a direção do espetáculo ao lado da atriz e contadora de histórias Suzana Nascimento, é um primor. Boquinha… E assim surgiu o mundo é, aliás, um primor em todos os seus aspectos e um presente enorme para os adultos que acompanham suas crianças à peça infantil. É possível dizer que essa é uma peça para todas as idades, uma peça que um adulto poderia ir sem criança nenhuma e sairia de lá tão feliz como se criança fosse. Ou tão realizado como se tivesse ido assistir a uma ótima peça para adultos.

João Vicente, o personagem interpretado por Orlando Caldeira, que esbanja talento, simpatia e carisma, é um menino encucado com uma questão básica: como surgiu o mundo? Ele quer entender a qualquer custo a origem de tudo e não vai descansar enquanto não encontrar uma resposta que o satisfaça, uma resposta que faça sentido e que, melhor ainda, seja capaz de agregar visões diferentes (em termos culturais, religiosos, contextuais, filosóficos até) de um episódio tão essencial.

Assim, na busca de uma resposta que ajude a apaziguar tanta inquietação, ele descobre a caixa do avô, as cartas há muito tempo escritas por ele e ainda se depara com Boquinha, um ser feito de dobraduras de papel que será seu companheiro na pesquisa incansável que tem pela frente. E Orlando Caldeira está excelente no papel, com sua musicalidade, ritmo e graça, dando vida a um João Vicente hilário que confere um tom lúdico à busca filosófica pela explicação de tudo e que ameniza a angústia própria das respostas ausentes (ou incompletas).

A trilha sonora de Ricco Vianna e Antônio Van Ahn é belíssima, assim como a iluminação de Valmyr Ferreira e a cenografia e o figurino de Alberta Barro e Gabrielle Windmüller, que, reunidos, conferem beleza colorida e simples aos olhos da plateia, oferecendo um cenário de encantamento como moldura à inquietude do personagem. A cenografia e a iluminação contribuem para que o quarto de João Vicente se transforme em um universo repleto de possibilidades, numa analogia interessante com o próprio mundo que ele quer entender e com a variedade de crenças e explicações que tentam oferecer sentido aos fenômenos da vida e da natureza. A direção de movimento de Marcela Rodrigues merece também uma menção especial, pois permite um aproveitamento da interpretação dinâmica de Orlando Caldeira através do espaço mágico que a cenografia e a iluminação proporcionam ao espectador.

Enfim, essa é uma peça essencial para crianças e adultos. Traz à baila a observação de que existem muitas explicações possíveis para as eternas indagações sobre a origem de tudo, sobre o sentido da vida. Essas explicações coexistem, algumas recebendo maior destaque do que outras conforme a época e as forças vigentes nesse ou naquele contexto, mas nenhuma é necessariamente mais certa ou conclusiva do que a outra. Nenhuma é mais definitiva do que as demais. É isso o que Lázaro Ramos mostra em seu texto, que ganha vida através da atuação de Orlando e dos personagens João Vicente, Boquinha e Bocão, o que já faz valer muitíssimo a pena o programa.

Ficha Técnica:

Texto: Lázaro Ramos
Direção: Suzana Nascimento e Lázaro Ramos
Elenco: Orlando Caldeira
Direção de Movimento: Marcela Rodrigues
Trilha sonora: Ricco Vianna e Antônio Van Ahn
Iluminação: Valmyr Ferreira
Assistente de iluminação: Cíntia Barbosa
Cenografia e Figurino: Alberta Barro e Gabrielle Windmüller
Costureiras: Maria de Jesus e Zezé Gomes
Pesquisa: Susan Kalik
Design gráfico: Fernanda Guizan
Assessoria de imprensa: Minas de Ideias
Marketing digital: Letícia Cordeiro – URGH.US
Coordenação de projeto: Orlando Caldeira
Assistência de produção: Heder Braga
Direção de produção: Drayson Menezzes

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