Ao se referir a Saga como especial ou como referência é algo bem repetitivo. É só dar uma olhada em minha resenha anterior, que trata do primeiro volume, onde abordei seu sucesso, seu significado e os elementos que a dupla Brian K. Vaughan e Fiona Staples mescla nessa odisseia espacial. Premiada, sucesso de crítica e público, roteiro/ambientação/ilustração peculiares, seria imprescindível seguir a série a medida que publica suas continuações. Aqui venho tratar do Segundo volume da Saga, publicado pela Image e que a Devir trouxe ao Brasil, recompilando o que saiu após o sexto número até o numero 12 (Saga #7-12).
Convém abordar que as qualidades apresentadas no primeiro volume ou nas seis primeiras edições do título da Image permanecem intactas: um universo engenhoso, chamativo, que entretêm divertido e talvez atrevido; uma narrativa atraente e surpreendente a cada página virada pela intensidade ambientada; e a humanidade em seus personagens, fazendo com que o leitor se importe como vivem, em seus relacionamentos e se identificando com o que ocorre com eles. Manter estas características, e conseguir melhorá-las, é algo que caminha Saga em seu capítulo 2.
O cliffhanger que fecha a narrativa do primeiro volume de Saga é imprescindível para compreender o que ocorre neste volume. A narrativa segue aberta ao menos em três frentes: o que concerne aos protagonistas, o que se ocupa da história dos Autônomos, o assassino freelance O Querer e sua mascote, a Gata da Mentira e aquele que segue as andanças, quase sempre patéticas, do príncipe Robô IV. Três frentes que se somam novos personagens, entre os quais se destaca a misteriosa Gwendolyn e um subtrama, que em como protagonista o escritor favorito de Alana, D. Oswald Heist, autor de uma novela sobre um monstro e uma menina que se divertem juntos com tabuleiros e cinema. Heist, um ciclope, não pode acreditar que alguém se recorde deste seu livro e se revela, dentro do argumento, uma das peças chaves da história, que entrega o segundo cliffhanger, o encontro dos protagonistas com o príncipe robô.
O livro do escritor maldito.
Além do tal Heist, neste Capítulo Dois descobrimos como Alana e Marko se conheceram e se apaixonaram e seguimos explorando os rincões mais escuros do universo criado por Vaughan e Staples. Sem dúvida um dos mais ricos, que se recordo, envolvendo quadrinhos de ficção científica, se reunindo a Moebius & Jodorowsky e Christin & Mezieres como referência. Neste sentido, o nível segue brilhante, o desenho de personagens de Staples é sensivelmente estratosférico, com igual medida aos pontos de vistas e mudança de ambientação, como também o desenvolvimento de reviravoltas imprevistas no roteiro que a ilustradora conduz com maestria.
Mais uma vez, a dupla presenteia os leitores com uma história de outsiders em fuga num cenário repleto de pequenos e asfixiantes mundos em guerra que garante em um segundo tomo torná-la um clássico dos quadrinhos deste século.
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