Não pense num ritmo de um soar de relógio, esta marcação intermitente do tic tac do relógio: a marcar o tempo. As marcações de interrupções e volteios e andanças no livro da poeta Rosana Chrispim, “Caderno de Intermitências”, pela editora Patuá obedecem ao toar ou à toalha que permanece seca mesmo com toda a umidade que lhe venha afeiçoar. Se uma toada precisa de uma canção; se até mesmo o coração precisa do compasso de um bombar(deio) (d)a seiva viva para o corpo através de vasos tão filigramáticos de teores rubros.
A sua poética na estrutura dos poemas como se apresentam no papel é apenas a primeira gramática para ascultar, pois de batidas, sopesam estes poemas num ritmo mais interno do que experimentado. Por que é preciso treinar o ouvido mesmo na batida monocórdia de um tic tac de relógio. Sair de uma experiência monótona é saber ir para o veludo ou ver tudo que tem por trás de um poema.
Na ficção chamamos os desvãos dos sentidos de entrelinhas, aquilo que fica na respiração do leitor na sua leitura, quase como um suspiro que engole letras-palavras-sentidos.Nestes cadernos, as linhas são espaçadas e intermitentes, mas só naquela linha de raciocínio que o leitor faz com um meio sorriso na boca.
Toda a concatenação lógica da poeta está em seguir as ideias-sensações que entram em linhas interrompidas por lapsos da lógica – existencial. Com uma extrema habilidade vocabular, a poeta faz uma rede de fricções de palavras e imagens poéticas que se descontextualizariam numa conversa, por exemplo, que requer um ritmo um tanto quanto adaptativo entre locutor e ouvinte…
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