Acontece algumas vezes no cinema, aquele filme que quando é lançado não faz tanto sucesso, e ao longo dos anos vai ganhando adesão e acaba se tornando um clássico. Há vários exemplos, como Mágico de Oz, Blade Runner. Na música isso pode acontecer também, e um belo exemplo é ‘Hallelujah’ de Leonard Cohen. É sem dúvida uma das músicas mais famosas do trovador canadense, mas não foi um hit instantâneo, pelo contrário. Essa é a história contada no documentário “Hallelujah: Leonard Cohen, a Journey, a Song”.
O longa dirigido por Daniel Geller e Dayna Goldfine – conhecidos especialmente pela meticulosa pesquisa de arquivo, que tornou obras como “Ballets Russes” (2005) e “Isadora Duncan: Movement from the Soul” (1988) tão extraordinárias – retrata a jornada dramática da canção Hallelujah, da rejeição da gravadora ao sucesso no topo das paradas, com o auxílio de testemunhos de artistas para os quais sua icônica canção tornou-se uma referência.
O longa levou sete anos para ficar pronto justamente pelo mergulho profundo na carreira de Cohen a que a dupla se submeteu. Tanta intimidade com a obra foi fundamental para fazer o espectador se sentir um pouco parte daquela história, como se vivenciasse os fatos e as memórias daqueles que dão seus depoimentos na tela.
O mais curioso é quando o filme aborda o quão popular a canção se tornou muito por conta de outros intérpretes, sobretudo as versões de John Cale e a de Jeff Buckley. E quando, em 2008, as versões de Alexandra Burke, vencedora do X Factor, Buckley (na época já falecido) e a própria versão de Cohen ficaram respectivamente em primeiro, segundo e terceiro lugar na parada do Reino Unido.
“Hallelujah: Leonard Cohen, a Journey, a Song” também aborda momentos cruciais da carreira de Cohen que se conectam à música, como a fase inicial, os anos em que passou em um monastério e quando precisou voltar aos palcos, já com mais de setenta anos, para uma vitoriosa turnê, pois precisava se recuperar de um golpe financeiro que sofrera.
Embora não possa ser considerado como uma biografia, é um documentário que faz jus à grandeza tanto da composição quanto do artista.
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